Tiroteio de começo de temporada

Esta é uma época em que qualquer coisinha vira manchete, vira polêmica. São páginas nos jornais a serem preenchidas, espaços na TV e, principalmente no rádio, a serem ocupados. Haja assunto.

Pipocam as especulações sobre transações de jogadores. É um tiroteio. É chute para tudo que é lado. De vez em quando, algum repórter acerta, até porque já pode ter citado uma centena de possibilidades.

O pior é que tem gente que perde tempo discutindo sobre especulações.

Estou voltando só agora. Estou acompanhando tudo. Deixei passar alguns assuntos interessantes durante esse período.

Antes de seguir, quero explicar que minha folga se prolongou aqui no blog em função de problemas técnicos/operacionais. Coisa que não entendo. É demais para quem foi criado com uma máquina de escrever no colo, cujo maior problema era trocar a fita para seguir teclando, ou melhor, datilografando, como se dizia nos tempos das redações ruidosas e enfumaçadas.

Então, quero distância dessas encrencas tecnológicas.

Retomando a primeira linha desse meu primeiro comentário de 2018: o caso Edílson é um que ganhou uma dimensão desproporcional.

Ele foi importante na conquista da Copa do Brasil e na Libertadores. Eu diria que Edílson fez nesse ano e meio de Grêmio a melhor campanha de sua biografia. Teve alguns problemas de lesão, desfalcou o time, mas foi útil, poucas vezes decisivo.

Lembro que fui contra à sua volta ao clube. Errei. Edílson voltou mais centrado, focado, mais profissional. Cresceu muito com Renato de treinador. Duvido que repita seu desempenho no Cruzeiro, até porque o clube mineiro anda atrasando salários. Boleiro com salário atrasado é um problemão.

Boleiro contrariado, também. Bem fez o Grêmio ao não colocar obstáculos maiores à sua saída. Pagar 450 mil mensais por um lateral mediano pra bom é quase uma irresponsabilidade. E ainda contrato por 3 anos com um atleta de 31 anos. Isso não pode dar certo. Problema do Cruzeiro.

Agora cabe à direção buscar um lateral-direito de qualidade pelo menos similar. Pelo que tenho visto não vai encontrar ninguém no mercado nacional. Quem sabe os dirigentes não descobrem um novo Arce?

Ou, melhor ainda, que sabe não aparece um guri da base, que tem revelado gente talentosa como há muito não se via?

 

GAUCHÃO

E o Grêmio vai começar o Noveletão com um time alternativo. Mais adiante, deve jogar o time titular. É questão de honra reconquistar o nosso regional, por menos relevância que ele tenha hoje.

Vejam o grupo para os primeiros jogos:

Goleiros: Bruno Grassi, Leo Jardim e Brenno

Laterais: Felipe e Guilherme Guedes

Zagueiros: Marco Saravia, Anderson, Mendonça, Santiago e Ruan. Recém-contratado, Paulo Miranda também se integrará ao grupo

Volantes: Machado, Balbino, Rodrigo Ancheta, Matheus Henrique

Meias: Jean Pyerre, Patrick, Lima, Vico, Isaque, Thaciano, Tontini e Douglas

Atacantes: Dionathã, Lucas Poletto, Alisson, Tilica e Pepê

 

 

 

 

Os melhores do ano do ex-boteco do Ilgo

Nos meus tempos de repórter esportivo eu era convidado/convocado a votar nos melhores do ano no futebol. Então, havia a seleção do Gauchão, que antes da gestão noveletiana tinha mais qualidade/seriedade. Havia a do Brasileirão e a do ano.

A gente publicava no Correio do Povo a seleção escolhida pelos jornalistas também da rádio Guaíba, convidados a opinar. Era a seleção Guaíba/CP.

Eu gostava de ver a seleção formada pelo Milton Jung, ‘a voz do rádio’. Ele sempre colocava o time inteiro do Grêmio, sem conversa.

Pensando nisso, decidi reviver aqui a seleção do boteco que não é mais boteco, mas para efeitos de eleição podemos chamar de “Os melhores do Boteco do Ilgo”.

Todos estão convidados a votar, inclusive os fakes, os ficha limpa, os urubulinos, etc.

Minha seleção do ano (feita agora, na corrida) considerando todas as competições do país (time de série B não entra):

Goleiro – Marcelo Grohe

Lateral direito – Edílson

Zagueiro – Geromel

Zagueiro – Kannemann

Lateral esquerdo – Diogo Barbosa (Cruzeiro, agora no Palmeiras)

Volante 1 – Michel

Volante 2 – Arthur

Meia 1 – Hernanes

Meia 2 – Thiago Neves

Meia 3 – Luan

Atacante – André

Revelação do ano: Arthur

Treinador do ano: Renato Portaluppi

Presidente do ano: Romildo

Dirigente revelação: Ico Roman

Juiz do ano: ninguém se salvou

QUEM QUISER FAZER A SUA SELEÇÃO E/OU ACRESCENTAR MAIS ALGUMA COISA, NÃO SE ACANHEM.

No mais, um bom 2018 para todos nós, com muita saúde acima de tudo pra poder festejar melhor os grandes títulos que nos aguardam.

 

Dois anos de Papai Noel azul

Sou do tempo do Papai Noel azul ou vermelho, dependia de quem vencesse o campeonato gaúcho – isso muito antes da tomada do poder na FGF por colorados, que lá estão desde o século passado e de lá não querem sair.

Ah, o campeonato gaúcho. Como dizia o técnico Galego, do Brasil e/ou do Pelotas, lá pelo final dos anos 60 início dos 70, era a competição que a dupla Gre-Nal poderia ganhar.

Então, o nosso regional era tudo para gremistas e colorados. Lembro de um Natal em que o Papai Noel azul era um torcedor muito louco, que se tornaria uma legenda da crônica esportiva gaúcha, uma espécie de precursor no combate a IVI, sigla lançada pelo RW. Sim, Paulo Sant’Ana.

Bem, hoje ninguém mais dá muita bola para o Gauchão, nem mesmo os que o vencem.  Ninguém fecha a Goethe pra festejar o nosso ruralito.

Hoje, se ainda existisse essa tradição, o Papai Noel seria azul, um azul imenso, infinito, de arder os olhos colorados. No ano passado, o Inter foi campeão gaúcho, o que é comum na gestão Noveletto. Mas o que pesou no final do ano, no apagar das luzes de 2017, foi a queda para a segundona, o rebaixamento.

Humilhação oceânica para quem apregoava que nunca cairia. ‘Clube grande não cai’, diziam plenos de soberba. Não cai, desaba. Foi um ano terrível, porque teve aquele caso envolvendo a tragédia da Chapecoente, da qual o Inter quis tirar proveito, os documentos alterados no caso Vitória, e por aí vai.

Sim, 2017 doeu nos colorados, e fez a alegria tricolor, porque sob o comando do técnico ‘Joel Santana’, como era chamado por alguns neófitos, e do presidente ‘cone do Koff’, o Grêmio finalmente quebrou o jejum: foi campeão da Copa do Brasil depois de 15 anos.

Mais do que isso, o título mostrou que ali estava iniciando um novo ciclo tricolor, prometendo muitos papais noel azuis. Sem contar o reconhecimento nacional pela excelência do futebol comandado primeiro por Roger, que conseguiu formar um time de qualidade com os destroços deixados por Felipão, e depois pelo mestre Renato Portaluppi, que aperfeiçoou a herança recebida.

Então, um ano depois, o torcedor que até há pouco nada comemorava, acabou campeão da Libertadores. Tricampeão da América!!! Nunca se viu festa igual em Porto Alegre, nunca mesmo.

E digo mais, teria vencido o Real Madrid se não tivesse sido obrigado a vender Pedro Rocha e se pudesse contar com Arthur. Com esses dois, o Grêmio seria outro, apesar do desgaste de um final de ano dos mais exigentes, contra o RM em meio à temporada, em melhores condições físicas, portanto.

Termino o ano otimista, confiante. Renato renovou o contrato. Não sei quanto vai receber, nem me interessa. Só sei que qualquer outro treinador custaria mais caro, porque provavelmente seria demitido ali adiante. Em time que está ganhando no se mexe.

Com Renato no comando – com o lastro de uma direção firme e competente, tendo Ico Roman como grande revelação -, o Grêmio pode, não tenho dúvida, no final deste 2018 que está batendo à porta, completar o ciclo iniciado no Natal passado: Copa do Brasil, Tri da América e Campeão do Mundo. Quem duvida?

Bom Natal a todos, boas festas, e que 2018 seja auspicioso para todos nós, tanto para os gremistas chapa-branca oficialistas como para os urubulinos, sempre rabugentos.

Feliz 2018, se eu não conseguir escrever mais nesses dias.

Observação: andei enfrentando problemas com o provedor do blog. grem

Manias dos gaúchos: volantão, aipim e pontinho fora

O gaúcho tem umas manias difíceis de entender. Não pode ver uma estrada lotada, calor de 40 graus, que se mete nela. Sim, é esse pessoal que não pode ficar um fim de semana de verão sem ir ao litoral gaúcho, mesmo sabendo que vai ficar naquele para e anda, coisa que os seres mais ou menos normais, como eu, não suportam.

E tudo para encarar uma cidade entupida de gente, mar frio e cor de chocolate ou algo parecido. Em algumas praias, não dá nem pra caminhar sem pisar em alguém, muito menos bater uma bolinha.

Tem outras manias: erguer casa, digo, mansões, em condomínio fechado, e quanto mais distante do mar, mais glamour tem o local.

Mas há os que fogem daqui. Uns, vão para Floripa, outra cidade que padece no verão, tomada por gaúchos e argentinos. O sujeito que aluga casa no norte, de lá só deve sair quando for embora, porque não tem mais como se deslocar em paz na ilha.

Ah, mas os gaúchos com dinheiro, ou apenas com pose, se mandam pra Punta. Sim, Punta, eles nunca dizem Punta del Este. Punta soa mais íntimo. A gauchada curte…

A lista é extensa.

Abreviando, passo logo ao futebol. O gaúcho tem manias arraigadas, cravadas como aipim na terra fértil. Falando em aipim, foi mal o ano terminar que é só o que se fala e se lê nas redes sociais. O Grêmio precisa de um aipim, é o que se propaga.

É um pessoal que não festeja plenamente o penta da Copa do Brasil porque o time jogou sem aipim. É a mesma turma que não concebe um time vencedor sem volante que suja o calção e que tolera, apenas tolera, técnico que não  ‘fecha a casinha em jogos fora de casa’. São adoradores do técnico que arma time para buscar o ‘pontinho fora’.

Quer dizer, não aprenderam nada com Renato Portaluppi (e também com Roger, que começou a cair quando se rendeu aos aipinistas ortodoxos), que está mostrando que é possível jogar bem e ser vitorioso com um time de muita técnica, poucas faltas e raros cruzamentos para um camisa 9 idealizado pelos fredistas da vida.

Não bastasse o fracasso da campanha do Atlético Mineiro com seu centroavante decadente, milhões de bolas alçadas pra ele, tem gente defendendo a contratação de Fred pelo Grêmio. Quem sabe o Ricardo Oliveira? Ambos com passado de sucesso e presente nebuloso. Ambos caríssimos.

Eu, por conceito, prefiro jogadores de movimentação na frente. Se um desses gostar de jogar centralizado, mas se movimentando para os lados e para trás, quando necessário, tudo bem.

Não sou radical. Mas minha preferência é por um ataque como aquele que foi Penta do Brasil, com Luan, Douglas e Bolanos aparecendo para concluir na tal ‘posição de centroavante’.

Então, se um tivesse poder, meu time teria jogadores versáteis, rápidos, dribladores do meio para a frente, com dois volantes de sustentação que marquem e joguem, e que também se apresentem para concluir como elemento surpresa.

Centroavante de carteirinha nem para reserva. Acredito, hoje, que na hora do desespero não é preciso um grandalhão pra cabecear na área. A história mostra que são raros os exemplos de sucesso nessas situações. Tanto que no Grêmio sempre é lembrado ‘aquele lance do Zé Afonso atrapalhando o zagueiro’ no gol de Aílton. Não há outro exemplo.

Agora, se o time tiver um camisa 9 de muuuita qualidade, então que se arme o time para esse jogador, como foi feito com Jardel nos anos 90.

O fato é que os 9 tradicionais estão em extinção. Que bom!

OS FREDISTAS

http://cornetadorw.blogspot.com.br/2017/12/os-fredistas.html

Real Madrid escancarou o abismo entre Europa e América Latina

Deu a lógica (esta é original).

O Real Madrid é um time formado por jogadores titulares das mais poderosas seleções do mundo. Sem contar o banco de luxo, de onde a qualquer momento sai um sujeito como o Bale.

Não vou fazer comparação com o grupo do Grêmio, que chegou ao seu limite: um vice-campeonato mundial. Uma derrota por 1 a 0 na final contra essa seleção galática, que escancarou o abismo entre o futebol europeu e o sul-americano.

Há quem diga que com Arthur seria diferente. Talvez fosse um pouco melhor. Se tivesse o Pedro Rocha (negociado porque o Grêmio não é o Real Madrid), já ficaria outro tanto melhor. E aí então talvez o Grêmio criasse mais, exigisse do goleiro ao menos uma vez. Enfim, desse alguns sustos em Cristiano Ronaldo e seus companheiros.

Por momentos esse Grêmio forjado na superação até chegou a criar algumas jogadas com algum perigo. Mas faltou acabamento.

Mas nada comparado ao que o Real criou. Marcelo Grohe, de novo, foi salvador. Fez umas três ou quatro defesas das mais difíceis.

No gol que sofreu, a bola passou porque a barreira se abriu. Lucas Barrios, o omisso, foi determinante nesse lance, porque ele ficou de lado vendo a bola passar. Se ficasse imóvel, o gol não teria saído.

É claro que o Real Madrid faria outro gol de forçasse mais, se não trocasse tantos passes em vez de concluir. Então, na minha opinião, o Grêmio não escaparia mesmo de uma derrota.

No finalzinho, estava eu ali, e acho que vocês todos, torcendo por um golzinho que levasse à prorrogação. Mas alguém acredita que o Grêmio, nesse caso, nos 30 minutos seguintes, conseguiria neutralizar essa máquina de jogar futebol?

O não-gol abreviou o sofrimento e a angústia, mas impediu, por outro lado, que o show espanhol continuasse, para deleite de grande parte do público. Porque o RM não jogou, deu show.

Fora isso, algumas individualidades superiores do time não foram bem. Mas não foram bem por si mesmas ou porque cada jogador do RM é diferenciado e com jogador assim é sempre mais complicado jogar?

Vou destacar algumas atuações, e isso não significa que os outros sucumbiram, não, eles apenas não conseguiram mostrar tudo o que podem em função da enorme qualidade do adversário.

Destaco:em primeiro lugar o Marcelo Grohe. Logo depois, Geromel e Kennemann; Jaílson aparece numa terceira linha. E é só.

Os demais não chegaram a fracassar, apenas estiveram abaixo do que podem jogar e já jogaram. Nem é por culpa deles, e sim, repito, pela categoria individual e coletiva do time espanhol, que é na verdade um conglomerado planetário de talentos.

Mas valeu. O Grêmio chegou ao topo depois de mais de duas décadas. E isso não é pouco. Ao contrário, é uma conquista que deve ser comemorada por todos os gremistas.

Para completar, o que mais me irritou foi ver o Grêmio, nos minutos derradeiros, trocando bola na frente, sendo que Jael havia entrado justamente para esse momento do sufoco, do abafa, do desespero. Em vez de lançar bola na área, tocavam a bola até armar um contra-ataque. Isso foi profundamente irritante. Provavelmente não daria em nada, mas ao menos a bola estaria mais perto de entrar.

Finalizando: no meu penúltimo comentário escrevi que o Grêmio só seria campeão se jogasse sua melhor partida e o Real Madrid a sua pior. Isso esteve longe de acontecer.

Foguetório

Sobre o foguetório que sacudiu Porto Alegre o, acredito, muitas cidades gaúchas, depois do apito final, era de se esperar: os colorados estavam estocando milhões de foguete há horas.

Agora, só falta a mídia dizer que o Inter termina o ano por cima. Podem rir, mas não duvidem, não subestimem esse pessoal da agenda positiva.

Reaprendendo a torcer numa decisão de Mundial

Nos meus tempos de Caldas Júnior, um colega costuma sumir quando o Inter tinha um jogo importante à noite. Era um mistério. Ele se ausentava da redação por uns 30 minutos, uma hora.

Um dia outro colega flagrou nosso amigo saindo do carro. Ele confessou que  precisava se isolar para ouvir o jogo.

Eu, ao contrário, ficava na redação fazendo a ‘escuta’ do jogo para depois escrever para o jornal do dia seguinte. Sempre foi assim, apesar do agito da redação, as conversas paralelas, etc. Eu conseguia me concentrar, mesmo que fosse um jogo decisivo do Grêmio.

Eu erguia muros em meu entorno. Hoje, sem a responsabilidade de descrever e analisar um jogo com total isenção, percebo que o muro desmoronou, que já não posso assistir/ouvir algum jogo decisivo do Grêmio cercado de outras pessoas.

Se antes eu me isolava em meio ao tumulto de uma redação, hoje eu preciso mesmo ficar sozinho de fato. Fico mais à vontade para analisar e torcer, mas até na torcida sou comedido.

Antes, eu precisava sufocar minha emoção. Hoje, não mais, mas ainda não me acostumei com isso. Tenho dificuldade, por exemplo, de abraçar alguém estranho na comemoração de um gol.

Aos poucos, estou aprendendo a ser torcedor. Na vitória sobre o Pachuca, gritei gol no lance do Éverton e senti a emoção fluir em forma de lágrimas. E foi só. Mas já foi um avanço. É como se eu estivesse reaprendendo a andar.

Hoje, contra o Real Madrid, espero voltar ao meu tempo de torcedor de arquibancada no Olímpico, sol na cara nas tardes de domingo dos anos 70, e poder vibrar e comemorar sem culpas, sem medos, sem bloqueios, os gols do Grêmio na vitória sobre o poderoso clube espanhol.

Sim, eu acredito na vitória e no título. O Grêmio não chegou até aqui para voltar sem o seu segundo mundial. Não mesmo!

GRENAL

Hoje à tarde, por razões profissionais, fui à sede do grupo Pampa. Acabei entrando no programa que o Rogério Bolke apresentava, acompanhado do Darci Filho e do Lacerda. Rogério e Darci são velhos conhecidos, grandes nomes do rádio. Lacerda, é uma revelação.

A rádio Grenal é um sucesso, está balançando as estruturas do rádio esportivo. Tem uma gurizada muito boa ao lado de veteranos talentosos. Os programas mesclam informação com brincadeiras, revelações de bastidores, muito humor. O pessoal mais novo pega no pé dos mais experientes e vice-versa. Tudo muito descontraído. Sou ouvinte.

Grêmio, ‘zebra’ sim, mas com camisa de peso e tradição

Só tem um jeito de vencer o Real Madrid e suas estrelas: que tudo dê certo para o Grêmio. E tudo muito errado para Cristiano Ronaldo e seus companheiros.

Quer dizer, uma missão quase impossível. Mas o futebol não é basquete, onde raramente David derruba Golias. Normalmente, o gigante esmaga seu oponente atrevido.

Mas as zebras estão aí, soltas e sempre dispostas a aprontar.

Sim, não resta dúvida que o Grêmio, na disputa com poderoso clube espanhol, é a zebra.

Assim como o Mazembe, clube responsável por uma das maiores alegrias que tive na vida esportiva, era zebrão contra o Inter em 2010 e acabou vencendo.

(A propósito, tenho uma página no face em comemoração a essa data tão especial, a mazembe day, com dez mil seguidores, muitos deles torcedores do Mazembe)

Voltando ao assunto:

a diferença é que o Grêmio é o Grêmio, como já dizia o saudoso presidente Hélio Dourado, meio que engolindo o érre.

O Grêmio tem história, tem tradição, tem uma camisa que pesa, que se impõe, e por vezes intimida. Não é um Mazembe da vida.

Então, se o Real Madrid facilitar, marcar com frouxidão como fez contra o Al Jazira, estará correndo sério risco, mesmo que o Grêmio tenha problema com seus dois centroavantes: um que parece ter esquecido seu futebol e outro que dificilmente marca gol, e que quando marca é anulado. Sacanagem pura.

A dúvida é quem começa: Lucas Barrios ou Jael. Jael tem futebol mais tosco, mas é mais vibrante, mais forte, mais comprometido.

Barrios caiu de rendimento faz tempo. Perdeu aquele imperdível contra o Cruzeiro na final da Copa do Brasil. Não está jogando bem, está devendo. Mas como é um jogador de muito potencial técnico, quem sabe ele não desencanta na final?

O fato é que o Grêmio vai precisar de todos os seus jogadores atuando a 110% com um nível de acerto de passes, desarmes, conclusões acima da média.

Nesse aspecto, do time titular, somente Lucas Barrios e Michel estão devendo futebol. O primeiro talvez por algum problema físico ou desânimo por não ter seu contrato renovado até agora; o segundo, porque vem de uma cirurgia e ainda não está no seu ritmo de jogo normal.

Há dúvida sobre quem começa o jogo. Se Barrios não tiver nenhum problema maior, defendo que ele comece. Prefiro deixar Jael para pegar um adversário mais cansado.

No mais, não tenho nenhuma dúvida de que Renato fará o melhor para o Grêmio. Eu, como chapa branca assumido, estou com o treinador, que saberá preparar seu time para superar essa potência do futebol.

RW

As camisas contra a IVI:

http://cornetadorw.blogspot.com.br/2017/12/camisetas-anti-ivi.html

 

Time grande não cai… Na semifinal do Mundial

O que eu mais temia não aconteceu. Mais do que feliz, estou aliviado.

Conforme previsto, o Grêmio venceu, superou o fantasma da semifinal, e agora decide o título mundial.

Não morreu de véspera, minha maior preocupação – sei que preocupação também de muita gente – era cair nessa fase diante do Pachuca.

Imagino que os colorados, além de milhões de foguetes que eles estão estocando faz horas, lançariam logo após o jogo uma série interminável de brincadeiras nas redes sociais, tentando devolver tudo o que eles passaram depois do fiasco mundial de ser eliminado pelo glorioso Mazembe.

Sem contar que seria o fim da minha Mazembier.

Mas continua tudo como antes. O mazembaço não virou pachucaço.

Time grande não cai… Na semifinal do Mundial de Clubes!

Pois o Grêmio foi grande, foi valente, e o adversário valorizou a vitória. Muito diferente daquele time confuso que penou para bater o Casablanca, e que me fez prever uma vitória até certo ponto tranquila.

Realmente, não se pode nunca esperar vitórias tranquilas em mata-mata.

Sobre o jogo, destaque para todo o time, com exceção de Lucas Barrios. Quando Jael entra e joga muito mais do que aquele que sai é porque Barrios realmente está devendo futebol. Não esforço, futebol.

Agora, uns ainda se sobressaíram. Grohe foi impecável, seguro, sereno, perfeito. Fez uma grande defesa e várias intervenções difíceis pelo alto. Parece que os braços do motorista de kombi cresceram, não sei, um fenômeno que deixo aos críticos do goleiro explicarem.

Geromel foi um gigante. Demais, demais. Agora, a vitória passa pelos pés de um jogador que Renato foi buscar, apostou nele e o resultado é esse aí: ele evitou dois gols do Honda, aparecendo no momento exato para afastar o perigo: Bruno Cortês. Meus agradecimentos.

No meio de campo, muita bravura, muita luta, muita entrega. Todos num nível bom, mas inferior ao que já jogou. Arthur fez falta, e Michel sentiu falta de ritmo, mesmo assim deu conta do recado.

Na frente, Luan demorou a entrar no jogo. Foi melhorando gradativamente, e atingiu alto nível quando Éverton e Jael já estavam em campo. E ainda mais quando Léo Moura entrou e deu uma qualificada no toque de bola. Edílson havia cansado. Mas desconfio que Léo entraria de qualquer jeito.

E o que dizer do cebolinha? Éverton entrou e deu um calor nos mexicanos. O bom é que Renato tirou Michel para ele entrar, mostrando que queria decidir o jogo com a bola rolando, não nos pênaltis. E a aposta deu certo. Fernandinho passou para o lado direito e Éverton entrou na dele. Tínhamos os dois para dar o corte pra dentro e bater.

Quem acertou foi Éverton. Fez sua jogada tradicional e foi muito feliz na conclusão. Na hora, eu que já temia uma decisão nos pênaltis, gritei a única palavra que cabia naquele momento de angústia e tensão:

Gooool! E aí minha voz ficou embargada e lágrimas rolaram.

Putaqueopariu, como é bom ser gremista!

RENATO

Sobre o treinador que alguns neófitos diziam não ser treinador, porque não anda com livros debaixo do braço ou algo assim, nada a declarar.

Só a repetir que o Conselho Deliberativo tricolor já marcou reunião para decidir sobre o busto de São Portaluppi na Arena. Se o Grêmio for campeão do Mundial vamos iniciar um processo da canonização.

 

 

Decisão de Mundial de clubes: curtam este momento

Participar de uma decisão de Mundial é um momento raro na história de qualquer clube.

Quem está vivendo essa emoção pela primeira vez deve aproveitar cada segundo, cada minuto, cada volta do ponteiro das horas.

Sabe-se lá quando essa situação se repetirá. No caso do Grêmio, foram necessários 22 anos desde a segunda participação, em 1995, quando o título escapou por causa de uma decisão estapafúrdia do juiz (expulsão de Rivarola por causa das imagens do telão) e depois em função dos pênaltis desperdiçados por Arce e Dinho, exímios batedores.

Do primeiro Mundial, em 1983, para o segundo, o intervalo entre um e outro foi menor, 12 anos.

Bem, só por aí se percebe que realmente este é um momento único para a nação gremista, que busca o bi do Mundial – como destaquei acima, seria o tri. O título caiu no colo do Ajax.

Desculpem se insisto nisso. É que a ferida, apesar de tanto tempo, não cicatrizou. Continua a mágoa, o rancor, o ressentimento.

Muitos gremistas não passaram por esse trauma. Menor quantidade ainda padeceu no inferno que foram os anos 70 – com exceção do glorioso 1977, que até virou livro, excelente por sinal.

Tudo isso pra dizer que eu sou um cascudo. Sobrevivi aos três títulos nacionais do Inter. Confesso que até hoje tenho pesadelo com o Valdomiro cruzando e o Escurinho marcando de cabeça no último minuto.

Sim, sou um traumatizado. Mas tive a felicidade de viver e saborear cada minuto da vitória sobre o Hamburgo, não plenamente porque estava trabalhando para escrever sobre a decisão para a revista Goool, do Aveline.

Em 95, torci na redação do Correio do Povo. Se na primeira vez estava acompanhado de um grupo de gremistas, na segunda tive de aguentar a secação dos colegas vermelhos.

Importante frisar que quando a gente acompanha um jogo a trabalho o envolvimento emocional é menor, no meu caso quase zero.

Depois, sim, a gente explode, ri ou chora, coloca a emoção contida, reprimida, pra fora. Normalmente num boteco de cerveja barata e sanduíche de lombo. Ou de mortandela, como dizia um velho um amigo meu.

Enquanto escrevo essas linhas apressadas – uma forma de reduzir a tensão da expectativa do jogo desta tarde contra o Pachuca -, recuando um pouco no tempo, não posso deixar de lembrar de dois velhos colegas da Folha da Tarde, o Luís Fernando Flores e o Fernando Goulart. Ambos se foram deste mundo nos últimos dias. Profissionais corretos, sérios, como quase não se vê.

Antes que as lágrimas se avolumem, volto ao início: curtam cada momento dessa decisão, porque a próxima só Deus sabe quando virá (além do mais pensem nos milhões de torcedores de outros clubes que gostariam de estar no lugar do Grêmio agora).

Eu, provavelmente, estarei ao lado do Flores e do Fernando, bebendo umas e jogando conversa fora. Eu, claro, com a camisa do Grêmio, como nesta tarde quando estarei torcendo pela vitória.

Se os deuses do futebol forem justos irão compensar o Grêmio pelo que aconteceu em 1995.

 

Respeito ao Pachuca, mas nunca reverência

O Pachuca deve ser respeitado. A maneira mais fácil de ser derrotado é subestimar o adversário.

Ainda mais quando se trata de uma decisão, um campeonato que se decide em 90 minutos. É quando o time com menor poder de fogo pode surpreender e cometer o crime. Um crime sem volta. Não é por nada um que jogo desse tipo é conhecido por mata-mata. Morreu, morreu.

É fazer a mala, enfiar o rabo entre as pernas, e fazer como o Inter naquele vexame de 2010 diante do Mazembe, que inspirou a minha Mazembier.

Então, assim como o Pachuca pode vencer o Grêmio num dia dos mais iluminados de sua história, o mesmo pode acontecer numa suposta final com o Grêmio batendo o Real Madrid.

A lógica é que o Grêmio vença o time mexicano com seu goleiro de futebol de mesa: 1,72 de altura. Penso até que vence com alguma facilidade. A não ser que o Pachuca tenha mais jogo para mostrar do que esse exibido neste sábado diante do Casablanca.

Acredito que o Pachuca é mesmo só o que mostrou. Faz uma campanha sofrível no campeonato mexicano. No Brasileirão, estaria flertando com o rebaixamento.

Assim, vejo o Grêmio virtualmente na final contra o time de Cristiano Ronaldo. Não consigo imaginar o Pachuca lá, não consigo. Nem com muito esforço de imaginação.

Mas, repito, nesses 90 minutos decisivos é preciso enfrentar  o Pachuca com respeito, muito respeito e seriedade, mas nunca reverência.

TRI DA AMÉRICA, PORQUE ESTA TERRA TEM DONO

Reserve logo sua cerveja. Estoque muito limitado, mesmo.

Depois não vem chorar como torcedor colorado quando caiu pra segundona.