Realmente, não é fácil ser colorado nesses dias, mas a mídia, de um modo geral, busca tornar esse período mais ameno. E não é de agora, vem desde o rebaixamento à segundona, que aqui no pampa passou a ser chamada de série B e até de Brasileirão, que soa menos humilhante e mais ‘fofo’.
A notícia da agenda positiva do dia vem da coluna No Ataque, em ZH desta sexta, na qual o jornalista Diogo Olivier informa que o Inter está fechando parceria com um grupo português para investir na área do CT de Guaíba (parte dela ou toda era destinada a Ford).
O suposto grupo se compromete a fazer as obras, que incluem prédios e campos de futebol, etc, numa área de 88,7 hectares, tudo entregue ao clube de mão beijada, e por tempo indeterminado. O Inter ser agraciado com mimos desse porte já faz parte da rotina, a começar pelo terreno onde está o estádio e todo o seu entorno.
Essa ‘doação’, oficialmente uma permissão de uso em caráter oneroso (o clube tem compromisso de pagar R$ 35,6 mil mensais) foi assinada em evento no Palácio Piratini, dia 3 de outubro de 2014, pelo então presidente do Inter, Giovani Luigi, o prefeito de Guaíba Henrique Tavares, e o governador em exercício, o desembargador José Aquino Flores de Camargo, velho companheiro de debate na TV, grande colorado.
Pois o sr. Aquino, agora do outro lado do balcão, é quem comanda todo esse processo como dirigente colorado, em especial o negócio em que o tal grupo português se compromete a investir no terreno em Guaíba em troca de autorização para erguer espigões à beira do Guaíba.
Espero que os órgãos ambientalistas estejam atentos.
Antes de concluir, uma dica aos repórteres:
o Inter está pagando a mensalidade?
Outra, no contrato firmado três anos atrás foi estabelecido o prazo de dois anos, a partir da assinatura do acordo, para inauguração das obras, que, por sua vez, deveriam ter iniciado em 2015.
O descumprimento do prazo não gera nenhuma punição?
Por fim, essa história é parecida com a que resultou em outro mimo ao Inter, conforme a Lei 10.400, de 4 de abril de 2008. O Inter é contemplado com a área do Beira-Rio, uns 43 hectares, a título oneroso e por tempo indeterminado (como o terreno de Guaíba). Em troca, o Inter deve promover algumas ações de cunho social (o que deve ocorrer também na outra área) e pagar R$ 25 mil por mês.
Vou ficar por aqui porque a lista de favorecimentos é grande.