Grêmio, a montanha russa e os urubulinos

Já não há ingressos para o jogo contra o Barcelona do Equador. É a confiança cega no time, que antes terá o jogo de ida em Guayaquil, onde tudo pode acontecer.

Encontrei essa informação hoje, no site do UOL. Nenhum registro na mídia Abaixo do Mampituba – pelo menos que eu tenha visto. Fatos positivos relacionados ao Grêmio não são muito valorizados por aqui.

Ainda há ingressos para camarotes, coisa de R$ 390 por cabeça. Se eu tivesse muito dinheiro, compraria ingresso para cada um dos urubulinos que vivem disseminando seu negativismo nas redes sociais e, em especial, neste blog.

Mas não ficaria com eles, porque é muito irritante ficar ao lado de torcedor cri-cri. Agora, gravaria tudo para exibir depois da vitória.

Nada contra os urubulinos de pouca fé e muito fel. Um pessoal que passa o tempo desacreditando tanto que parece até que torcem contra. Na real, são gremistas como todos os outros.

Servem de contraponto aos gremistas chapa-branca, como eles gostam de rotular todos aqueles que acreditam até o fim, que sempre encontram algo positivo, que analisam com serenidade e sem desespero, que entendem que há coisas no futebol – como lesão do craque do time – que são dolorosas, desanimadoras, mas naturais.

E o principal: nem sempre há um culpado quando as coisas não andam bem, ou desandam, como acontece agora com o Grêmio.

Eu, como bom ‘chapa-branca’, quero acreditar que o Grêmio que estava no topo da montanha russa e agora foi até o fundo, vai começar a subir, lenta e gradualmente, nos preparando para um turbilhão de emoções logo ali adiante.

Normalmente não sou otimista no futebol, mas aqui me esforço para ser e busco encontram sinais de que tudo vai melhorar, e faço isso muito para irritar esses seres alados, aves agourentas, que seguidamente deixam seu ninho para destilar veneno e ódio por aqui.

(Eu não estou reclamando, pelo contrário. Sem eles não teria graça).

O sinal maior que vejo neste sábado nublado, e que agora, enquanto escrevo, abre caminho para o sol, é que Luan treinou normalmente em Curitiba.

Luan joga amanhã e, se os pessimistas de plantão e secadores em geral forem neutralizados pelos deuses do futebol, estará em campo para as batalhas finais da Libertadores.

Sim, a notícia que Luan está voltando é animadora, estimulante.

A IMPORTANCIA DO CRAQUE

Aos que não passam um dia sequer sem cornetear, desprezando o fato de que o Grêmio tem jogado há meses sem jogadores importantes e decisivos (por lesão ou por venda mesmo, como é o caso do PR), lembro que dificilmente um time que está vencendo não cai de rendimento quando perde suas referências técnicas.

Vejamos o caso do Palmeiras. Campeão brasileiro do ano passado. Perdeu Gabriel Jesus, virou um time comum (e ainda caro), que agora demite um técnico que até meses atrás era festejado e pretendido por torcedores de todos os clubes, inclusive do Grêmio.

São muitos exemplos. Nem os clubes mais poderosos não se ressentem quando perdem seus craques. O Barcelona perdeu Neymar e caiu de rendimento. E isso que tem um time milionário.

Tirem o Cristiano Ronaldo do Real Madrid, ou o Messi do Barcelona.

Então, por que o Grêmio não iria sentir perdendo Luan – sem contar Maicon e Douglas?

Para desespero de secadores (o que andam batendo de tambor por aí…) e surpresa dos gremistas de pouca fé: está chegando a hora de uma nova onda vitoriosa!

Grêmio e o Oscar de melhor filme

O Grêmio nos últimos tempos parece aqueles filmes que disputam o Oscar e vencem nas categorias menos valorizadas, como melhor fotografia, melhor montagem, melhor maquiagem, melhores efeitos especiais, melhor som. Só não vence no essencial: melhor filme.

Ou seja, o Grêmio tem maior posse de bola, mais chutes a gol, mais escanteios, mais defesas difíceis do goleiro adversário, mas chega no final é outra derrota.

Pouco tempo atrás o Grêmio vencia em todos os quesitos.

O desmanche a que foi submetido o time devido principalmente a lesões tem o seu preço, mas não precisava ser são pesado.

Contra o Cruzeiro, na Arena quase vazia porque o acesso – exagerando um pouco – só podia ser feito a nado ou de barco, o Grêmio mais uma vez foi superior. Até o empate seria uma injustiça.

Aquela bola cruzada pelo Edílson para a conclusão perfeita de Éverton,pegando de primeira, e o toque salvador do goleiro, foi um sinal de que o Grêmio não venceria, e acabaria levando, porque, como se sabe, quem não faz leva.

O time misto do Grêmio, que a cada jogo se firma como titular porque sempre tem uns três ou quatro sem condições de jogo, mereceu a vitória. Acabou perdendo por 1 a 0 e agora tem ameaçada sua presença no G-4.

Resta aquilo que nenhum outro clube brasileiro tem neste 2017: a Libertadores.

É muito, sem dúvida, mas pode virar pó se o técnico Renato Portaluppi não puder contar com sua força máxima, expressão que perdeu bastante seu sentido desde a lesão de Maicon e mais recentemente a de Luan, dois expoentes técnicos do time campeão da Copa do Brasil 2016. Sem contar o Douglas.

Então, pensando no jogo contra o Barcelona, vi com satisfação que Joilson voltou a jogar bem, marcando forte e saindo para o ataque com alguma qualidade. Vi também o Marcelo Oliveira jogando mais focado, menos ansioso, e mais eficiente. Não é muito, mas já é alguma coisa.

Por outro lado, não gostei da atuação de Arthur – comparando com ele mesmo. Será efeito da Seleção, ou porque agora ele é mais respeitado e sofre marcação mais próxima? O fato é que ele esteve abaixo do que vinha jogando.

Quem ainda segue devendo é Arroyo. Ainda não vi nada nesse jogador que justifique estar à frente de Éverton na sucessão de Pedro Rocha. Insisto, Renato erra ao não efetivar de uma vez o Éverton.

Agora, entendo que Renato priorize neste momento o Arroyo, que não pode jogar só isso que vem jogando. Espero que ele esteja reservando o seu melhor para os jogos da Libertadores.

Resta torcer para que Luan volte 100% e o time não sofra baixas nos jogos da Libertadores. Se isso acontecer, o Grêmio tem tudo para levar o Oscar de melhor filme, desprezando todos os outros, principalmente o de melhor ator coadjuvante…

 

As lesões e o culpado de sempre

Na cena final do filme Casablanca, um clássico do cinema, o chefe de polícia, depois de deixar seu amigo criminoso partir, dá ordem aos seus comandados para que prendam os “suspeitos de sempre”.

No caso do Grêmio dá para trocar “suspeitos” por “culpados”.

No futebol é assim, desde a bola de tento, ou até antes. A culpa é sempre do treinador. O suspeito, ou culpado, de sempre.

Quando escrevi o comentário anterior, há quatro dias, falando sobre a lesão de Douglas, temia que outros viessem a desfalcar o time. Frisei isso no texto. E não é que o Ramiro se lesionou também? Tem ainda o Bressan e sei lá mais quem. Talvez surja outro com lesão muscular nas próximas horas. É uma miudinha danada!

De quem é a responsabilidade? Se é que há responsáveis, ou responsável. Se for para apontar o indicador acusatório para alguém, uma pessoa só, sei de alguns gremistas que irão indicar Renato.

E por que? Porque Renato, conhecendo o grupo e os meandros do departamento futebol diagnosticou que não poderia forçar com o seu grupo.

Numa entrevista ele lembrou aos “perseguintes” – expressão que Frederico Balvê, dirigente colorado vencedor nos anos 70, usava para rotular os repórteres – que estava certo em preservar.

Foi o suficiente para animar aqueles que ainda hoje não o aceitam como treinador do Grêmio, que apenas o toleram.

A situação que ele via era tão séria que mesmo com os cuidados tomados aconteceu essa “epidemia” muscular no clube. Fico imaginando como seria se Renato não tivesse poupado jogadores.

O fato é que esse caso que envolve tantas lesões precisa ser apurado internamente o mais rápido possível.

Não acredito que seja apenas uma maré de ‘mala suerte’. Tem gente errando em alguma coisa. Eu tenho um palpite, mas é apenas isso mesmo, um palpite de quem está de fora.

Só pra deixar claro, não é o Renato.

Arrumem outro “culpado de sempre”.

GLAMOURIZAÇÃO DA SEGUNDONA

Conheço um jornalista, de rádio, que foi demitido porque insistia em chamar a série B de Segundona.

Quando o Grêmio caiu era Segundona mesmo. Não tinha nada parecido com o que a mídia gaúcha está fazendo, tentando pateticamente glamourizar essa competição de segunda linha.

O curioso é que esse esforço vai tão fundo que os próprios integrantes do movimento que busca elevar a autoestima dos colorados já acreditam que a Segundona é uma competição de primeira grandeza.

PREMIO PRESS

Ainda dá tempo. Somos todos RW:

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Douglas fora: segue a miudinha

Não foi por falta de cuidado. Ninguém pode dizer que o Grêmio exagerou colocando seus jogadores em campo em todos os jogos, ou algo assim. Pelo contrário, houve até um excesso de cuidado e de zelo.

O objetivo de tanta preservação era chegar aos jogos decisivos, ou maioria deles, com a força máxima ou algo muito próximo disso.

Bem, aí bateu uma miudinha na Arena. Veio uma maré negativa. Olho grande de uns e outros. Quem sabe os ‘deuses do futebol’, alinhados com parte da torcida que não concorda com a política de poupar atletas, decidiram impor esse castigo.

De repente, começou a aparecer jogador lesionado em abundância, coisa pra secador nenhum botar defeito. A cada notícia de nova lesão só faltam alguns foguetes. De colorados, evidente…

(Tenho um, digamos, amigo colorado, que me liga sempre que lê notícia de outro jogador entregue ao Departamento Médico. )

E isso que a direção e Renato, ou Renato e a direção (há quem quem diga que todas as decisões são exclusivas do Renato, coisa de antirenatista, não levem a sério), buscaram preservar ao máximo seus principais jogadores.

Aí, na hora do pega pra capar contra o Cruzeiro, no Mineirão, pela Copa do Brasil, o time joga sem Geromel, zagueiro de seleção, peça fundamental no time. Teve ainda Lucas Barrios jogando descontado e saindo no segundo tempo.

Por último (último por enquanto, sabe-se lá), essa do Douglas. Não sou fisiologista, mas sei que uma pessoa acima do peso, ainda mais um atleta, tem mais risco de ter problemas nos joelhos.

No caso de Douglas, voltando de cirurgia delicada de joelho, seria o caso de ele cuidar melhor do seu corpo, que é, na real, seu instrumento de trabalho.

Pelo que se viu em fotos por aí nas redes sociais, Douglas realmente não se cuidou. Pior é que havia gente acreditando que ele voltaria a jogar ainda nesta Libertadores. Nunca acreditei, porque ele não é um exemplo de atleta, está mais pra boleiro – espécie em extinção no futebol de alta performance.

E assim vai o Grêmio. Torço para que Luan volte bem, embora reconheça que ele sem parceiros como Maicon, Douglas e Pedro Rocha, talvez não consiga jogar tudo o que sabe.

Resta torcer para que esse inferno zodiacal termine o mais rápido possível, ou seja, agora.

Aberta a contagem regressiva para alguém responsabilizar o técnico Renato por tudo de ruim que está acontecendo e ainda está por acontecer.

PRESS

Amigos, vamos prestigiar esse bravo gremista, RW:

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Exclusivo: os arquivos implacáveis de Antônio Augusto

Criador do plantão esportivo na Rádio Guaíba nos anos 60 – a emissora era líder absoluta de audiência – e até hoje reconhecido como o melhor do país, Antônio Augusto tinha um carinho muito grande pelo arquivo que construiu ao longo de sua trajetória no rádio gaúcho. Um trabalho de formiguinha, minucioso, detalhista, obstinado.

Hoje, Antônio Augusto, falecido em 2015, teria 79 anos. Dos quais, mais de 20 trabalhando na Guaíba, onde se consagrou nacionalmente. Gente todo o país ouvia a Guaíba, muito por causa do Totonho, como era chamado nos corredores do histórico prédio da Caldas Júnior. Nos anos 90, escreveu a coluna A Bola Parou, no Correio do Povo, foi quando nos tornamos mais próximos. Trabalhou posteriormente na rádio Gaúcha e na Band.

Depois de largar as jornadas esportivas, Antônio Augusto levou seu programa para a Rádio Pampa, onde finalmente assumiu seu lado tricolor. Foi aí que o gremista passou a usar o microfone para criticar a postura da “imprensa vermelha”, inclusive dando nome aos bois, interagindo com os ouvintes – praticamente todos gremistas.

Sinto saudade desse tempo. Seguidamente, ali pelas 21 horas, ele me ligava para saber se poderia conversar com ele ao vivo no programa, o que acontecia normalmente depois das 22 horas. Então, eu ia para a sacada da editoria de esportes, e ficava uns 15 minutos batendo um papo com Antônio Augusto, que me provocava para citar “os vermelhos da imprensa”, e eu me esquivava.

Hoje, não tenho nenhuma dúvida de que Totonho é o primeiro combatente em defesa do Grêmio e contra os jornalistas que ele identificava como colorados, e que hoje fazem parte da IVI, sigla criada pelo cornetadoRW. Nessas horas Antônio Augusto fazia jus a outro apelido que ganhou na Guaíba: onça.

Em seus últimos anos de vida, Antônio Augusto se divertia conversando com seu público, com os amigos gremistas, sempre lançando farpas nos “vermelhos”.

Sim, Antônio Augusto foi pioneiro nesse combate, antecedendo RW. Pena que os dois não conseguiram unir forças. Seriam imbatíveis, um na internet e outro ao microfone com aquele vozeirão que anunciava ‘tem gol’, bordão que até hoje é repetido por aí.

Bem, o motivo desse artigo é homenagear o velho companheiro e também revelar ao público imagens do seu “arquivo implacável”, cedidas pelo meu amigo André, um de seus filhos e, claro, gremistão.

São centenas de cadernos com anotações de jogos do Grêmio, como os dois publicados aqui e agrupados em armários como os das fotos.

Um acervo precioso que conta uma grande parte da história do Grêmio e do futebol gaúcho.

 

Inferno zodiacal e o gol salvador

Já faz algum tempo que o Grêmio atravessa uma zona que pode ser definida como inferno zodiacal. São lesões que se sucedem, desfalcando o time em momentos importantes como a final da Copa do Brasil (o que foram aquelas cobranças de pênalti?) e avançando também sobre a Libertadores, e jogos com resultados não compatíveis com o que aconteceu em campo. Ou seja, o time cria chances de gol, tem tudo para vencer, mas acaba perdendo.

Neste domingo, antes do temporal que castigou o Rio Grande e me deixou sem luz durante quase toda a noite, o Grêmio por detalhe não foi penalizado com outro placar desfavorável, agora diante do Fluminense, na Arena, mesmo tendo criado o maior número de situações de gol, consagrando o goleiro Diego Cavalieri.

O misto que Renato Portaluppi conseguiu armar – sem jogadores como Lucas Barrios, Luan, Michel e Kannemann – mostrou um futebol até surpreendente. Fosse em outros tempos mais favoráveis, a bola teria entrado ainda no primeiro tempo em pelo menos uma oportunidade. Na verdade, o Grêmio poderia ter liquidado o jogo nos primeiros 45 minutos.

No segundo, na ânsia de marcar e acabar com a série de resultados adversos, o time continuou superior, mas deu espaço para o Fluminense criar e assustar. Numa das situações Dourado recebeu livre pela esquerda, dentro da área, e chutou cruzado, rasteiro, para Marcelo Grohe, o ‘braço curto’ como dizem seus detratores , desviar para escanteio.

Foi a grande defesa de Grohe no jogo, uma apenas contra meia dúzia de Cavalieri, a quem o técnico Abel Braga deve agradecer por não sair humilhado pelo mistão tricolor.

Além dos 3 pontos, que mantém o time na ponta de cima e aí tudo pode acontecer, foi importante conferir o futebol dos garotos da base: Patrick e Jean Pyerre mostraram que são bons jogadores e que podem ser úteis. Considero que Patrick merece e deve ser inscrito na Libertadores. Patrick tem características mais ofensivas, enquanto Jean Pyerre é mais um articulador, muita habilidade no trato com a bola. No decorrer dos jogos do Brasileirão ele até pode conquistar uma vaga no grupo da Libertadores.

Gostei do estreante Cristian, um volante que admiro faz tempo. Ele foi discreto, mas eficiente. Saiu sentindo lesão.

Na frente, destaque para Éverton. Ele cometeu alguns erros, mas no cômputo geral foi muito bem, participando dos lances mais fortes do time no ataque, inclusive no lance do gol de Beto Silva. Éverton com sequência deixará de ser tão ansioso e poderá dar uma resposta tão boa ou até melhor que a de Pedro Rocha.

Beto Silva ficou pouco tempo, mas no gol ele foi rápido, teve a intuição da jogada e categoria para desviar do goleiro.

Tenho minhas dúvidas se Jael teria a mesma capacidade para fazer o gol. Mais uma vez ele ficou sem receber aquela bola para mostrar se é mesmo matador. Mas o que ele mostrou até agora me faz acreditar que não será inscrito na Libertadores. O Grêmio martelou para vencer, e só conseguiu o gol quando não tinha a figura do centroavante.

Pode ser coincidência, mas o fato é que um time com atacantes de movimentação, boa técnica e inteligência é mais efetivo que um time com o tradicional camisa 9, ainda mais se for um como Jael, que até agora não mostrou nenhuma virtude especial que justifique sua inscrição na Libertadores. Mas vamos acompanhar, sem preconceito, porque ainda há tempo para mais observações.

No mais, torcendo para que a fase negativa esteja terminando.

A ‘ESCOLHA’ DE RENATO

Leio e ouço por aí muitas críticas ao Renato por ter indicado o Jael.

Vou fazer um revelação: a direção do Grêmio colocou três nomes à disposição de Renato para contratar imediatamente. Ele optou por Jael.

Os outros nomes: Suarez e Ibrahimovic.

Vou desenhar: será que se fosse possível Renato não teria indicado um atacante de melhor qualidade?

Técnicos que quero ver longe do Grêmio

Depois de assistir ao tenebroso primeiro tempo cometido por Cruzeiro e Flamengo na decisão da Copa do Brasil, concluí que:

o segundo tempo seria igual ou pior;

não sairia gol;

e, por último, confirmei o que eu já mais ou menos havia decidido: se depender de mim Mano Menezes nunca mais treinará o Grêmio.

Não dá, o cara é muito cagão, retranqueiro, só sabe armar time para defender, não para atacar. Tinha um Mineirão com recorde de público a favor dele, e o que se viu foi um Cruzeiro com medo e com um futebol precário, sem jogadas, sem toque de bola. Enfim, o Cruzeiro que deveria propor o jogo tratou de nivelar por baixo. Mas foi campeão.

Tem um pessoal que gosta do Mano e na primeira oportunidade vai defender sua contratação.

Um título que seria do Grêmio não fossem as lesões, as suspensões e a venda de Pedro Rocha. Hoje, conversando com gremistas, desses que conseguem entender as dificuldades do treinador para armar um time desfalcado de seus melhores jogadores, ficou claro que o Grêmio deixou escapar talvez a CB mais em sua mão entre todas as já conquistadas.

Confesso que não gosto de Mano Menezes desde 2006, quando ele armou um time muito parecido com esse do Cruzeiro agora, e conseguiu chegar à final com um futebolzinho de doer.

Na decisão com o Boca Juniors cometeu erros que abriram o caminho para o time argentino vencer. A favor de Mano o fato de que a Libertadores era o grande trunfo para o presidente do clube vencer a eleição para prefeito de Buenos Aires, que aconteceria dois ou três meses depois. Não sei se me entendem. Se não me entenderem não tem problema, eu também muitas vezes não me entendo.

Então, Mano desde seu início é perito em armar times que jogam alguma coisa parecida com futebol. E eu não quero mais ver isso no Grêmio!

Quem viu o Grêmio de Renato e Roger, nesta ordem em função da hierarquia superior do atual técnico gremista, jogar não pode mais tolerar um time que só sabe jogar assim aos trancos e barranco, com o regulamento debaixo de braço, sem compromisso com a qualidade, a alegria, a estética.

O Grêmio de Renato – com todos os titulares – e o de Tite, em 2001, provam que é possível ser competitivo e jogar bonito, com arte e elegância. Isso só pra ficar nos mais recentes.

Aproveitando o tema, além do Mano, não quero ver na casamata tricolor técnicos como Celso Roth, Luxemburgo, Autuori e Abel. Há outros menos votados.

Ah, e qualquer um que chegue com livros debaixo do braço e com currículo de estudos em clubes europeus.

Cícero

O Cícero que vi jogar em outros tempos, especialmente no Fluminense, onde trabalhou com Renato, me serve. Tem boa experiência em Libertadores, foi vice campeão com Renato, em 2008, perdendo o título para a LDU nos pênaltis. Vi esse jogo e digo que foi um ‘crime’ o Fluminense não ter sido campeão.

Diante de um mercado restrito e da falta de mais recursos financeiros, vejo a contratação de Cícero como importante e oportuna.

Aipim pra mim só frito ou cozido

O treinador de futebol arma seu time de acordo com o ‘material’ que dispõe. Agora, se ele é treinador de uma seleção, pode armar o time dentro de um modelo pré-estabelecido.

Felipão, na Copa do Mundo, ratificou aquilo que mostrou ao longo de sua carreira: preferência por um camisa 9 típico, cabeceador, alto, espadaúdo. O tal aipim, ou cone, como queiram.

Eu cheguei a pensar que Roger Machado e Renato Portaluppi pensassem diferente, que a opção deles seria por atacantes de movimentação e meias e volantes com qualidade para chegar à frente.

O Grêmio de Roger, até a chegada de Bobô, era assim, um time jogando do jeito que eu gosto, minha preferência pessoal. Não tenho nada contra quem goste de aipim, até porque eu também gosto: frito ou cozido, com um molho encorpado.

Então, na primeira oportunidade, Roger enveredou pelo caminho do mal. E se quebrou. Não, não foi apenas por isso, mas foi também por isso: pela ilusão do camisa 9, aquele que já teve seu momento no futebol, mas que hoje é um animal em extinção, embora muitos não acreditem e não aceitem isso.

O mais grave é que Roger chegou a afirmar que jamais armaria um time pra jogar apenas para um jogador, cruzando bolas para a área.

Roger acabou caindo no Grêmio e depois no Atlético, onde encontrou um aipim com grife, mas decadente, o Fred. Roger acabou fritado. Hoje, o Atlético perde uma atrás da outra porque insiste nos chuveirinhos e balões para dentro da área.

Pois não é que Renato, o cara que soube dar mais peso e consistência ao time herdado do Roger para crescer e se tornar campeão da Copa do Brasil, também foi seduzido pela lenda do centroavante de carteirinha. Incrível, mas parece verdadeiro.

Não sou completamente contra o aipim. Acho que um time pode ter um no grupo, como terceira opção. Jael, domingo, jogou os 90 minutos. Um atacante com sua limitação pode jogar no máximo uns 15 minutos, no final, quando a alma do time já foi encomendada e a salvação só pode vir no desespero das bolas cruzando o céu sobre a área inimiga.

Então, se o treinador chega a um clube e não encontra jogadores para fazer o esquema com atacantes de movimentação e vê centroavantes em abundância, ele acaba armando o time para jogar de uma determinada forma, que talvez não seja a de sua preferência.

O titular é Lucas Barrios, um centroavante de movimentação como era, por exemplo, André Catimba, só pra fazer uma referência ao time campeão de de 1977, o time que quebrou a hegemonia colorada no Estado e se tornou um marco para o clube, um divisor de águas. Não esqueçam de comprar Os heróis de 77.

Se Barrios não puder jogar, que Renato mantenha Jael como uma opção distante, nunca como solução imediata. Que escale dois atacantes pelos lados, como jogava o time campeão de 2016. É o que espero.

PREMIO PRESS

Não esqueçam do RW, nosso candidato:

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Vaga no G-4 começa a ficar ameaçada

Jael pode estar para Renato Portaluppi o que Bobô foi para Roger Machado. Os dois técnicos não conseguir resistir ao canto dos aipins e seus defensores, gente que não consegue imaginar um time vencedor sem centroavante de carteirinha, tipo o Leandrão, que tentaram colocar no Grêmio no ano passado.

Os dois, por suas características e também por suas limitações técnicas, não encaixam no tipo de jogo que tem dado certo no Grêmio. Se um técnico encontra uma forma de jogar, adota um conceito de futebol, deve defender aquilo que implantou.

Renato parece ter esquecido que o time dele – herança que recebeu de Roger e aperfeiçoou – foi campeão da Copa do Brasil sem um jogador típico de área.

Então, não vejo sentido em começar um jogo com Jael – diria o mesmo se fosse outro centroavante comum, não é nada contra o Jael -, tendo um garoto como Éverton, que talvez só precise de uma sequência – dada ao Pedro Rocha – para afirmar-se como titular.

Renato poderia ter começado com Éverton e Arroyo – que hoje mostrou algumas qualidades – e deixado Jael para entrar no segundo tempo se fosse o caso. O pior é que Jael ficou até o fim. Sua melhor contribuição foi uma bola recuada por ele para Patrick chutar na trave.

A favor de Jael, um jogador de finalização que depende de bolas jogadas para a área, o fato de que até agora não dá pra criticar por ter perdido algum gol, simplesmente porque não foi lhe dada uma oportunidade sequer, que eu me recorde.

Mas o Grêmio, com um time misto, não perdeu apenas por isso. Mais uma vez o time jogou a maior parte do tempo no campo do adversário, mas pouco criou. O goleiro do Bahia quase não trabalhou. Sinal de que o ataque não estava funcionando, e que talvez fosse melhor jogar com atacantes de movimentação para confundir a marcação. Éverton e Patrick entraram e já deram outra cara ao time, mas não foi o suficiente.

No final, um pênalti muito discutível de Edílson, faltando alguns segundos para o jogo terminar. Era um jogo para somar três pontos. O Grêmio estava levando um apenas. Acabou sem ponto na bagagem.

Renato tinha razão sobre o Corinthians despencar na tabela. O problema é que o Grêmio está despencando junto no Brasileirão. A campanha do segundo turno é perturbadora. Mais um pouco o time sai do G-4.

 

 

A ‘cura gay’ e os texanos do futebol

Começo a desconfiar que é mais fácil a ‘cura gay’ do que a conversão de um ‘texano’ adorador do futebol brigado, do calção embarrado, do volante sedento de sangue, das pernas lanhadas por travas criminosas e dos chutões que levam a bola, coitada!, a cruzar o campo de tudo que é jeito.

O ‘Texas’, no futebol, para quem não sabe, é o Rio Grande do Sul. Inspirada criação do blog cornetadoRW.

Aqui vicejam os texanos, defensores fanáticos do ‘centroavante aipim’, figura tosca, gigolô do talento alheio e que de vez em quando decide um jogo após 300 cruzamentos para a área. Está em extinção, mas os poucos que restam sempre conseguem bons empregos, ainda mais aqui Abaixo do Mampituba.

Ah, eles defendem que se jogue fora de casa buscando sempre o empate, no esquema ‘por uma bola’, para decidir em casa. Renato contrariou essa lógica e foi campeão da Copa do Brasil.

Os texanos acreditam que são detentores da fórmula para vencer a Libertadores. Animicamente os jogadores precisam entrar em campo com sangue nos olhos, faca na boca e o coração na ponta da chuteira. Nenhuma palavra sobre qualidade técnica.

O modelo do time campeão da Libertadores não pode prescindir, segundo eles, do volante cabeça de área, quebrador de bola e de canelas inimigas. Sim, inimigas.

O primeiro mandamento do estilo texano de jogar é que o time do outro lado não é adversário, mas um inimigo a ser exterminado. Ou quase isso. Então, vale tudo para matar uma jogada.

Entrar com as travas da chuteira erguidas numa dividida é o cartão de visitas e deve ser exibido logo nos primeiros minutos, porque na Libertadores – defendem os texanos – é raro o juiz dar cartão vermelho na primeira entrada desleal.

Até pouco tempo, quando o Grêmio jogava um futebol bonito e ao mesmo competitivo, os texanos andavam meio encolhidos, inibidos, embora alguns de vez em quando se traíam. Tanto pediram por um centroavante ortodoxo que o Grêmio contratou Bobô. Foi o início do fim do técnico Roger, que até então estava se dando bem com atacantes de movimentação.

É evidente que há lugar para atacante de área num grupo, até como alternativa de jogo. Até um volantão pode ser útil quando o jogo estiver encaroçado.

Mas o que torna um time campeão de uma Libertadores ou outra competição qualquer é a qualidade e o empenho de seus jogadores, a capacidade do seu treinador e a força de sua torcida.

Contra o Botafogo, adversário que seria batido já no jogo de ida se Luan e Geromel tivessem jogado, o Grêmio garantiu a vitória e a classificação à fase semifinal da Libertadores não apenas porque foi valente, guerreiro e raçudo – como apregoam os texanos -, mas principalmente porque teve, apesar da ausência de seu craque, Luan, qualidade suficiente tanto do time como do seu treinador para superar as adversidades que foram surgindo.

Que o técnico Renato Portaluppi mantenha o tipo de jogo que aplicou até agora – houve algumas exceções motivadas por desfalques -, sem cair na conversa dos texanos. Estes, sim, precisando de tratamento para entender que o futebol mudou.

Como ensinava o botafoguense Neném Prancha, “bola tem que ser rasteira, porque o couro vem da vaca e a vaca gosta de grama”.