Grêmio vence com espírito de Libertadores

A classificação veio com sofrimento, mas veio. E isso é o que importa.

O Grêmio fez uma excelente partida. Calma, em comparação com o que já jogou desde a Copa do Brasil do ano passado, a atuação foi por momentos horrorosa. Mas em termos de Libertadores, uma competição que premia muitas vezes o time mais competitivo, mais aplicado e mais esperto, a atuação no segundo tempo foi muito boa, alentadora, compensando o que aconteceu nos primeiros 45 minutos.

O Grêmio jogou como se deve jogar uma Libertadores, onde muitas vezes vale mais a força, a dedicação, o empenho e a gana de brigar por cada bola. E quando fez o seu gol, o time de Renato deu aula de como truncar e picotar um jogo.

Está certo, cada escanteio para o Botafogo era como um filme de terror, tipo o massacre da serra elétrica, ou algo do gênero. Mas aí o sistema defensivo como um todo – o primeiro tempo foi assustador – funcionou de maneira exemplar. Até o Grohe chegou a sair fora da pequena área para afastar uma bola pelo alto.

Enfim, depois do gol, o Grêmio foi um time argentino. É o melhor elogio que posso fazer ao desempenho do time que vencia por 1 a 0 e não podia sofrer o empate de jeito algum.

Eu poderia escrever um pouco mais sobre o primeiro tempo, mas é duro relembrar coisas ruins do passado. O primeiro tempo foi de apagar da memória, porque foi tenebroso. Até Geromel e Kannemann ficaram atordoados, errando e cometendo faltas desnecessárias e perigosas.

Se o primeiro tempo foi do Jair, o segundo foi do Renato. Quando os dois times foram para o intervalo pensei com meus botões – meus melhores confidentes, porque não questionam nada – que chegara o momento de Renato provar de uma vez por todas que é o melhor treinador do futebol brasileiro atualmente.

Ou ele muda o modo de jogar do time, ou perde e irá arder no fogo do inferno de seus críticos, hoje menos verborrágicos, mas sempre à espreita para gritar: “Eu não disse?”.

Pois Renato encurralou o Botafogo. Não foi aquele futebol bonito de meses atrás, mas foi o futebol necessário para o que a situação exigia. Um futebol de muita garra, aquele em que não há bola perdida nem disputa frouxa como se viu em alguns lances do primeiro tempo.

Para completar, registro um erro de Renato, que escalou Léo Moura quando deveria ter começado com Éverton. Equívoco que Renato corrigiu a tempo, o que contribuiu para uma melhor atuação do time no segundo tempo.

Quero destacar mais uma vez o Fernandinho. Foi o atacante mais perigoso de novo, infernizou a defesa dos cariocas. O gol de Lucas Barrios, que a SporTV está tentando anular repetindo o lance trocentas vezes, saiu de uma falta sofrida por ele, o Fernandinho.

Aos que só enxergam defeitos no Fernandinho, jogador que eu já critiquei muito, pergunto: qual atacante do Botafogo fez perto do que fez Fernandinho? Insisto nisso porque não gosto de injustiça e de gente que morre abraçado com suas teses, mesmo que os fatos apontem diferente. Um pouco de humildade para admitir erros é sempre saudável.

No mais, destaco apenas o coletivo do Grêmio, porque individualmente as atuações ficaram na média 7. Um primeiro tempo sofrível, que me fez prever um desastre, e um segundo tempo alentador, estimulante, que me faz acreditar que o título da Libertadores é mesmo possível, mas desde que Luan esteja apto a jogar com a plenitude de sua forma.

O próximo jogo é contra o Barcelona do Equador, que eliminou o Santos na Vila. Fico pensando se isso acontece com o Grêmio, como seria? Eliminado por um time equatoriano dentro de casa. Cruel.

Entre Santos e Barcelona, eu preferia o time equatoriano. Até porque a altitude de Guayaquil é tolerável, 2,5 mil metros. ERRATA: é ao nível do mar.

 

O Grêmio de hoje e o de um ano atrás

Numa comparação rápida e rasteira, o Grêmio campeão da Copa do Brasil/2016 era muito superior ao atual, ainda mais se Geromel e Luan não jogarem.

Agora, se a gente for analisar com um pouco de cuidado e profundidade, verá que naquele momento (meses de setembro e outubro), antes, portanto, da conquista histórica, havia muita desconfiança em relação ao time, mais ou menos como agora.

Na quartas, o Grêmio pegou o Palmeiras. Venceu por 2 a 1 na Arena, gols de Ramiro e Pedro Rocha, naquele momento dois jogadores contestados pela maioria da torcida.

No jogo da volta, contra um mistão do Palmeiras, até os 30 minutos do segundo tempo o Grêmio perdia por 1 a 0 e estava eliminado. Minutos antes entrou Éverton – outro criticado por muitos. No primeiro lance, ele causou a expulsão de um zagueiro. No lance seguinte, Éverton recebeu de Douglas, cortou o marcador e fez o gol da classificação.

Detalhe: Éverton substituiu Pedro Rocha. Curiosidade: Lucas Barrios jogou pelo Palmeiras.

Então, esse Grêmio hoje tão festejado, que foi crescendo de produção na reta final, poderia ter morrido ali na arena alviverde. A história seria muito diferente.

O que eu quero dizer é que no futebol a diferença entre a consagração e o fracasso por vezes é pequena, um detalhe.

O time de hoje é também visto com olhares desconfiados, e com razão, como era um ano atrás, sem muita diferença.

De lá pra cá, o vaiado Pedro Rocha (‘o perdedor de gol’, como todos nós o tratávamos, ou já esqueceram?) virou imprescindível, quase craque. Há quem diga que ele é mais importante que Luan para o time. Futebol é apaixonante também por isso.

Pedro Rocha faz muita falta. Faz mesmo. Mas ele sem Luan seria um jogador pela metade. Talvez valha o inverso, quem sabe?

Então, temos hoje um sentimento muito parecido com aquele de antes do jogo contra o Palmeiras, também na Arena. Havia muita esperança, e muitas dúvidas, muito temor.

Havia, ainda, como um fantasma ou uma nuvem escura sobre a Arena, o peso de 15 anos de espera, de frustrações, de decepções.

Hoje, esse fantasma já não assusta tanto, mas deixou traumas que se manifestam em jogos decisivos como esse. Ainda mais diante das circunstâncias do momento, com o time jogando um futebol instável, que realmente não inspira muita confiança (mas era mais ou menos assim também um ano atrás).

Claro, preocupam as possíveis ausências de Luan e Geromel. Qualquer time no Brasil sofreria com ausências desse nível. O Grêmio sente, normal.

Se eles jogarem, acredito numa vitória mais tranquila, mais serena. Sem Geromel e Luan, tudo complica, mas o Grêmio tem condições de se impor com ajuda de sua torcida e garantir a vaga.

Pode ter sofrimento, pode doer, mas depois vai ser bom, muito bom.

Ah, na vida a gente tem momentos em que pode decidir por ser otimista ou pessimista. Estou optando pelo otimismo.

MÍDIA

O Botafogo está usando material publicado na imprensa gaúcha para motivar ainda mais o time. São manchetes e textos que buscam diminuir o time carioca. Alguns desses textos são desprovidos de fundamento, afrontam a inteligência. E passam a impressão de ter unicamente esse objetivo: atiçar o adversário.

Triste, deplorável em todos os sentidos.

PREMIO PRESS

Continua a votação, é simples:

http://cornetadorw.blogspot.com.br/2017/09/a-disputa-e-fortenova-parcial.html

 

 

 

 

 

Grêmio perde e aumenta preocupação

Perder para a Chapecoense em casa é deprimente; perder jogando mal, quase sem exigir o goleiro rival, é preocupante; e, por fim, perder num momento como este, às vésperas de uma decisão pela Libertadores, objetivo maior, é assustador.

Então, perto de mergulhar no poço da depressão, não vou reagir como alguns nas redes sociais e na mídia tradicional, questionando e, pior, atacando asperamente decisões tomadas pela direção e pelo treinador.

O Grêmio se planejou para ter um time competitivo na Libertadores, especialmente no mata-mata. Ouvi alguém criticando, numa potente emissora de rádio, o planejamento do clube porque justo na hora decisiva o time não contava com seus dois melhores jogadores, Luan e Geromel.

Quer dizer, ter jogadores lesionados é falta de planejamento. O Grêmio fez de tudo para poupar seus melhores atletas. Falta de cuidado não foi. O papel, a tela e o microfone realmente aceitam tudo.

Nesse jogo contra a Chape, o técnico Renato achou por bem testar Jael, até porque é preciso saber exatamente com quem contar nos momentos decisivos. Tem gente criticando essa decisão. Outros queriam Arroyo – aliás, já no jogo anterior contra o Botafogo teve gente pedindo o equatoriano.

Eu estava curioso para saber se Arroyo é o ‘cara’, como pensam alguns, e também porque chegou o momento de sabermos que tipo de contribuição ele pode dar. Ele entrou no segundo tempo e o que eu vi foi um atacante dando toquezinho pra trás e para os lados. Nenhuma investida sobre o marcador, o drible, a penetração. Nada.

Saudade de Pedro Rocha. (suspiro!)

Pela amostra, pequena, é verdade, esses dois não me convenceram de que podem mudar uma partida enroscada. Mas, é o que a casa oferece.

Penso que o jovem Patrick, com toda a sua inexperiência, acrescenta mais ao time que essa dupla aí de cima. O guri entrou no lugar de Ramiro, foi pra cima,mostrou forte personalidade. Foi mais atrevido que o experiente Arroyo, com seu futebol burocrático.

Então, o Grêmio perdendo por 1 a 0 (a dupla de área reserva ficou naquela de ir mas não foi, e o atacante arriscou, gol) contava para reagir com Arroyo, Patrick e e Lucas Barrios. O melhorzinho dos três foi o guri.

Outra coisa que me preocupa: quando Fernandinho é o atacante mais perigoso do time é porque algo está errado, muito errado. E Fernandinho foi de novo o melhor atacante do time. Barrios segue devendo.

O jogo deste domingo na Arena já passou. O Brasileirão já passou. O Corinthians ganhou – gol com o braço direito de Jô, na cara do árbitro auxiliar – e o campeonato está decidido.

Dez pontos de diferença sobre o Grêmio e 12 sobre o Santos (ninguém vai reclamar que o Santos está prejudicando o campeonato por ter jogador com time reserva sábado?)

Ah, dos dez pontos de diferença, seis referem-se a Avaí e Chapecoense, com o Grêmio jogando praticamente com força máxima. Na Arena!

O negócio, mais do que nunca, é pensar na Libertadores, focar no jogo contra o Botafogo. E é aí que me bate quase uma depressão.

Não sei se Luan vai jogar. O fato é que ele precisa jogar. O Grêmio precisa dele, mais até do que de Geromel, ao menos para o jogo de quarta-feira. Claro, eu gostaria de ver os dois em campo, desde que realmente recuperados.

O Botafogo vai complicar, disso não tenho dúvidas, mas nem tanto por ele, e sim pelo Grêmio, que já não transmite aquela segurança e confiança de algumas semanas atrás.

 

Ponto comum entre Telê e Renato

O que tem em comum o mestre Telê Santana e o atual melhor treinador em atividade no futebol brasileiro?

A pergunta por si só é provocativa, vai atiçar os lobos que apenas toleram Renato Portaluppi , aqueles que não reconhecem nele um técnico com ideias modernas, arejadas, e que estão sempre na tocaia.

Um técnico que é mais que um técnico, é um gestor de vestiário, como ele mesmo se intitulou em entrevista publicada em Zero Hora deste final de semana.

A pergunta, assim de sopetão e tão fora de contexto nesta manhã chuvosa de sábado – sempre que acontece chuvarada assim não consigo deixar de pensar no pessoal alojado no acampamento farroupilha – leva a uma resposta rápida:

– Nada, ué. Não tem o que comparar.

Pois eu acho que tem. Lendo um texto que cometi no dia 21 de abril de 2006, no meu primeiro blog – eu escrevia para mim mesmo, era como um palhaço sozinho no picadeiro, sem plateia -, deparei com uma frase do mestre, morto naquela data depois de uma longa agonia.

Eis a frase, que poucos treinadores podem repetir hoje, sem corar, conforme registrei:

– Se for para mandar meu time matar a jogada, dar pontapé no adversário ou ganhar com gol roubado, prefiro perder o jogo.

Não sei se Renato prefere perder o jogo a ganhar com gol ‘roubado’, mas que o time dele também não dá pontapé, isso é inegável.

O Grêmio de Renato lembra aquele Grêmio de Telê, de 1977, campeão gaúcho. Título que me proporcionou imensa alegria, porque quebrou a hegemonia vermelha no RS.

Era um Grêmio que jogava bola, de raras intervenções faltosas.

Igual ao Grêmio de Renato.

Para completar, repriso o restante daquele artigo, de onze anos atrás:

“Mais que um grande treinador de futebol, Telê foi um exemplo de ética num meio em que cada vez mais prevalece a força do dinheiro e, com isso, tudo o que vem a reboque. Não é preciso entrar em detalhes.

Só conheci um técnico equivalente a Telê, ao menos nesse aspecto da seriedade, da honestidade. O Ênio Andrade. Dele, guardo uma frase: “Eu vivo do futebol, não no futebol”. Havia coisas nesse meio que o incomodavam, por isso a frase.

 

O corpo de Telê será sepultado neste sábado. A sua morte, porém, se deu há mais tempo, quase dez anos. Quando teve o AVC que o afastou do futebol, sua maior paixão. “O futebol é minha vida, não consigo me afastar dele”, disse, certa vez.

 

Telê se vai deixando a sua marca, muitas vitórias e alguns revezes. Acima de tudo uma lição de honestidade e moralidade. Telê se vai com as mãos limpas.

 

Mãos que nem de longe lembram as erguidas pelo presidente Lula, hoje, numa bacia de petróleo. O Grande Guru mergulhou as palmas das mãos no óleo e as ergueu para fotos, imitando gesto de Getúlio Vargas, em 1952.

 

Cheguei a pensar, por um momento, que eram mãos encharcadas de lama.”

Histeria para desfalcar o Grêmio

Um dia eu ainda vou entender por que as pessoas gostam tanto de ver seus melhores jogadores desfalcando suas equipes pela ‘honra’ de vê-los vestindo a amarelinha.

Tivemos recentemente a onda ‘Luan na Seleção’. Tem gente que até xingou o técnico Tite por não convocar Luan. O pior é que grande parte desse pessoal é gremista.

Quer dizer, o Grêmio envolvido em competições difíceis, brigando para fechar o ano com um título, e havia, e ainda há, gremista querendo desfalcar o time. É uma histeria coletiva.

Bem, Luan foi convocado. Ficou dois jogos à disposição da Seleção. Jogou alguns minutos. Voltou com lesão muscular. Parabéns aos envolvidos!

Entre esses que contribuíram estão muitos cronistas esportivos, principalmente Abaixo do Mampituba.

Agora, temos de novo: torcedores gremistas e a imprensa em geral engajados na ‘onda Arthur na Seleção’.

De alguns cronistas colorados eu não poderia esperar mais nada mesmo. Tudo o que eles querem é ver Arthur sentado no banco de reservas da Seleção em algum jogo das eliminatórias, enquanto o clube precisa dele.

Depois, não se sabe como o jogador volta. Alguns voltam de cabeça virada, deslumbrados.

Então, aqui no meu canto, na minha trincheira, venho declarar que não quero o Arthur na Seleção Brasileira. Pelo menos não agora.

De camarote, vou assistir a reação desse pessoal se Arthur for convocado. Talvez ocupem a Goethe para comemorar.

Em caso de não convocação, os revoltados da vez, irão, imagino, bloquear ruas e avenidas em passeata rumo à Esquina Democrática para um grande ato em desagravo do Arthur.

ATENÇÃO – Eu já havia escrito o texto acima quando aconteceu a convocação de Arthur. Portanto, não haverá ato de protesto na Esquina Democrática. Mas sim festa na Goethe.

GRÊMIO

Nesta data tão especial, só tenho a dizer ‘muito obrigado, Grêmio’. Pelos títulos, pelas grandes vitórias, pelas profundas emoções, e também pelos eventuais insucessos, que só me fizeram ser ainda mais gremista do que já sou. Com muita honra, muito orgulho.

Grêmio pragmático garante o empate

Sem Luan e Geromel, dois jogadores que figuram em qualquer seleção que se faça do Brasileiro, o técnico Renato Portaluppi optou por um esquema mais cauteloso para sair do Engenhão com um empate. E conseguiu.

O empate por 0 a 0 coloca o Grêmio como favorito à classificação, que será decidida na Arena. Além do resultado em si, ficou claro que o time carioca está pelo menos um degrau abaixo do tricolor. O Botafogo não conseguiu tirar proveito das dificuldades do Grêmio, que jogou também sem Michel.

Houve quem criticasse o esquema emergencial (repito, emergencial) armado por Renato. Queriam um Grêmio mais ofensivo, nunca um time mais preocupado e vocacionado a não levar gol antes de tudo.

O Grêmio jogou com quatro homens no meio de campo, um deles, Léo Moura, improvisado. Eu acharia melhor começar com Éverton, recuando Fernandinho. Renato, conhecendo melhor as qualidades e defeitos do adversário, optou por Léo, deixando Fernandinho mais adiantado.

E Fernandinho acabou sendo o jogador mais perigoso do Grêmio em termos ofensivos. Lucas Barrios mais uma vez saiu lesionado. Há tempo que ele vem jogando aquém de suas melhores condições. Por detalhe Fernandinho não fez seu gol ao aparar um cruzamento de Léo Moura, com o zagueiro tirando a bola com o goleiro já batido.

É inegável que Renato estudou bem o adversário e acabou acertando em sua proposta de ganhar o meio de campo. A defesa quase não foi exigida, Grohe quase não trabalhou. E o ataque, dentro de suas limitações, até que criou alguns bons lances.

Já o Botafogo pareceu enredado, sentindo a marcação, sem conseguir alternativas para levar perigo ao goleiro gremista.

Portanto, méritos de Renato, que armou um time de forma pragmática para decidir tudo em casa, aí reforçado de Michel e, provavelmente, Geromel e Luan.

Na Arena, será outra história.

ARTHUR

Foi o grande nome do jogo. Com Jaílson como primeiro volante, Arthur jogou mais adiantado e mostrou que pode evoluir muito como articulador. Assumiu mais a responsabilidade de criar e não teve medo de invadir a área a dribles quando possível. Numa dessas investidas, sofreu uma falta na risca da área, que o juiz ignorou. Não fosse isso, teria chegado na cara do goleiro.

É preciso destacar, também, que Bressan evitou o gol do Botafogo ao interceptar um arremate de Roger, após falha de Bruno Cortêz. Bressan deu uma vacilada no início da partida, mas depois voltou a ser um zagueiro eficiente e seguro.

Destaco, ainda, Edílson, que teve grande atuação.

 

Arrasador como um furacão grau 5

Diferente do ano passado, quando entrou na reta final da Copa do Brasil arrasador como um furacão nível 5, o Grêmio hoje está mais para grau 2 ou 1, se encaminhando para ser rotulado de tempestade tropical, ventinho metido à besta que não é capaz de assustar quem está acostumado com o nordestão no litoral gaudério ou o minuano soprando na campanha.

Infelizmente, apesar de toda uma programação preservacionista visando as Copas do Brasil e da Libertadores, o Grêmio sofre com aquilo que trabalhou tanto para evitar: time desfalcado na hora mais decisiva.

Maicon, figura a meu ver central no esquema vitorioso de 2016, passou por cirurgia e só volta no ano que vem. Pedro Rocha, jovem destaque nos últimos jogos da Copa do Brasil, em especial na vitória por 3 a 1 sobre o Atlético, marcando dois gols, foi negociado.

São dois titulares da campanha vitoriosa. Não é pouca coisa. A esses dois soma-se agora o craque do time. Luan, com dor muscular, é dúvida para o primeiro jogo contra o Botafogo, no Rio. A tendência é de que volte apenas no segundo jogo.

O Grêmio vem de uma grande atuação sem Luan, na goleada por 5 a 0 sobre o Sport Recife, dia 2, na Arena. Jogo, aliás, que parece não significar nada para aqueles mais assustados.

A torcida, agora, é para que Geromel retorne. Com ele, o time ganha em qualidade atrás, para defender e sair, além de ser um exemplo aos demais de dedicação e vibração em cada lance disputado.

Outro desfalque é Michel, melhor contratação do ano na relação custo/benefício.

Diante desse quadro preocupante resta a expectativa sobre quem deve entrar no time.

Para o lugar de Michel eu não vejo ninguém melhor que Jailson. Ele teve um momento muito bom na CB. Teve gente que defendia sua titularidade. Caiu de rendimento.

Com Jaílson, Arthur deverá ter mais liberdade para armar, chegar na área do adversário e, com sua habilidade, armar uma jogada, cavar falta e até pênalti.

Estou tentando ver o lado positivo diante da troca Michel por Jaílson. Para isso dar certo Jaílson terá que jogar o que não conseguiu jogar ainda neste ano.

No meio, para o lugar de Luan (batendo na madeira, toc-toc-toc) Fernandinho parece ser a opção menos ruim. Com Arthur somando-se à articulação, pode funcionar.

Na frente, Lucas Barrios, que dá cada susto quando cai e a TV mostra seu rosto com cara de sofredor.

Pelo lado esquerdo, se Renato não inventar, Éverton. Tem gente pedindo Arroyo, que recém está se ambientando e até agora não mostrou jogo para começar uma partida.

Eu fico com Éverton. Ele fez um gol nos 3 a 1 sobre o Atlético e, na Arena, no jogo da volta, atuou muito bem pelo lado esquerdo, na do Pedro Rocha. Aos esquecidos lembro que foi dele o cruzamento para o gol de Bolanos.

Sei que Renato gosta de deixar Éverton como trunfo para o segundo tempo, e ele não está errado. Mas para esse jogo, em especial, é importante começar com Éverton.

Tudo indica que o Botafogo, ‘se achando’ depois de vencer o Flamengo por 2 a 0, domingo, não irá jogar fechado e respeitoso como foi o Vasco. O Fogão vai para cima. Por isso, Éverton precisa começar a partida.

Sem essa que alguns analistas do ‘Texas’, como define o cornetadorw, defendem, de que o Grêmio deve jogar fechadinho, por uma bola, cruzamentos pelo alto, tudo isso para ‘voltar vivo’.

No mais, que o Grêmio retome a energia que está se esvaindo pelo caminho e seja demolidor como um furacão grau 5.

CORNETA

Vamos lá, pessoal, votando no RW:

http://cornetadorw.blogspot.com.br/2017/09/premio-press_11.html

Atuação preocupante e derrota frustrante

O Grêmio com o melhor que havia para o momento perdeu de 1 a 0 para um adversário instável no campeonato e sem torcida. Tudo indicava que a vitória viria ao natural, sem maior esforço, e isso deve ter contribuído para o desempenho preguiçoso do primeiro tempo. No segundo, o time tomou vergonha na cara, acordou em campo, mas continuou jogando um futebol opaco, sem brilho, sem criatividade.

Para alguns, ou muitos, o Grêmio jogou a não fazer, pedindo para perder para poder dedicar-se unicamente à Copa Libertadores, prioridade das prioridades da direção e de nove entre dez gremistas – sim, tem gente que na dúvida optaria pelo Brasileirão, cujo título ficou ainda mais distante.

Quero alertar apenas que o Grêmio não joga sozinho. Há um adversário a ser superado. No caso deste sábado, o Vasco do técnico estreante Zé Ricardo, que armou um esquema que podemos definir como humilde e respeitoso.

Zé Ricardo reconheceu a superioridade técnica do Grêmio e tratou de anular seu ponto forte, que é toque de bola de um lado para o outro diante da grande área. Então, ergueu duas muralhas móveis para neutralizar a articulação gremista. Deu tão certo que o goleiro Martin Silva pouco trabalhou. Que eu me lembre, sua defesa mais difícil foi um chute de Fernandinho.

Numa escapada, aos 42min, o Vasco fez o gol. Na verdade, achou um gol, numa bola em que a marcação foi frouxa no setor direito e inexistente no lado esquerdo, onde Mateus Vital apareceu livre para cabecear. Fora isso, o Vasco teve outro lance perigoso, com Marcelo Grohe salvando.

Então, quero reforçar que foi uma atuação ruim do Grêmio, preocupante,  até porque estamos à beira de um jogo pela Libertadores, mas qualquer análise também passa pela estratégia do adversário.

Os treinadores mais atentos e com humildade suficiente para armar esquema com maior capacidade de contenção já sabem o que fazer diante do Grêmio. Vamos ver o que fará o técnico Jair, do Botafogo.

Claro, sempre torcendo para que Luan e Geromel possam jogar. Luan é o toque de arte, e Geromel a liderança que anda faltando atrás, embora Bressan não tenha comprometido.

 

BOTAFOGO

O Grêmio tem a vantagem de 24 horas sobre o Botafogo, que enfrenta o Flamengo neste domingo, 19h, a três dias do jogo contra o Grêmio. Jair vai com força máxima. Afinal, trata-se de um clássico.

Um Botafogo mais desgastado irá enfrentar o Grêmio.  Em tese isso é bom. Mas aconteceu algo parecido com o Cruzeiro e o Grêmio foi eliminado da Copa do Brasil.

O velho Ênio e as prioridades

O técnico Ênio Andrade era bom de prosa. Terminado o trabalho, ele atendia os setoristas com paciência, girando o cordão com um apito que costumava usar nos treinos técnicos e táticos.

Ficávamos ali, à beira do gramado, enquanto o sol se escondia por trás da estrutura social do velho Olímpico.

‘Seu’ Ênio era um treinador discreto, simples, que não buscava glamourizar a profissão como fazem muitos, em especial os que nunca ganham nada. Claro, há exceções.

Pois o velho Ênio costumava dizer sobre os jogadores, em especial goleiros e centroavantes: “Quem tem três tem dois, quem tem dois tem um, quem tem apenas um, não tem nada”.

Era mais ou menos assim que ele falava, referindo-se a ter sempre boas opções para cada posição para não correr o risco de na hora decisiva ficar pendurado no pincel.

Lembrei-me dessa frase ao avaliar a situação do Grêmio. Até uns dias atrás o Grêmio tinha três competições. Ficou com duas.

Perdeu uma que era considerada prioritária naquele momento, em comparação com o Brasileiro, a Copa do Brasil, teoricamente mais fácil para alcançar um título.

Restaram duas competições. A que foi desprezada em alguns jogos – o que está custando caro hoje -, e a prioridade das prioridades: a Libertadores.

Quem tem dois, tem um. Quem tem um, está mais próximo de ficar sem nada.

Espero que o exemplo da Copa do Brasil sirva para guiar a direção gremista por um outro caminho, o caminho de faixa dupla, seguindo assim, com o Brasileirão e a Libertadores correndo paralelamente até chegar a um ponto em que talvez isso não seja mais possível.

Mas até lá, que o Grêmio enfrente o Vasco neste sábado com o que tiver de melhor à disposição, segundo avaliação de seus profissionais.

Lembrando sempre que dependendo dos resultados desta rodada o Grêmio poderá terminar com apenas uma competição que leve ao título.

E aí, como dizia o velho Ênio, quem tem um…

 

A dança dos microfones no rádio gaúcho

Desde a saída de Luís Carlos Reche da Rádio Guaíba, onde vi o ‘Salsicha’ engatinhando como repórter setorista do Inter, que o mercado do rádio esportivo vive um período de mudanças.

Desde 2014 que a emissora tem um novo chefe no esporte: Nando Gross, que andava insatisfeito na Gaúcha – teria quebrado os pratos com o chefão Pedro Ernesto, também conhecido como Pedro Legado, segundo leio por aí nas redes sociais, em especial no blog cornetadorw.

Pois o Nando, dentro do seu direito e até dever, tratou de formar uma nova equipe esportiva. Assim, aos poucos velhos nomes foram ‘desligados’. Por exemplo, Flávio Dal Pizzol e Rogério Bölke.

O último (ou mais recente até o momento) a ser afastado foi o narrador Marco Antônio Pereira, um nome capaz de levar consigo um grande número de ouvintes. Realmente, difícil de entender.

Por outro lado, dias atrás foi acertada a volta de José Aldo (que iniciou com Marcão na Guaíba no século passado).

O time de Nando foi reforçado também por alguns jovens e, especialmente, por Carlos Guimarães  -este há mais tempo -, um analista de respeito e credibilidade. Coisa rara nesses tempos em que alguns jornalistas/radialistas não conseguem disfarçar suas preferências clubísticas, comprometendo o seu trabalho e atropelando a ética.

Mas aí já estamos falando de um mercado que entrou em ebulição mesmo em fevereiro, a partir, de novo, do Reche, que foi desligado (antigamente a gente dizia demitido) da Rádio Band. Foi uma surpresa, porque o Reche além de incrementar a programação ainda trazia anunciantes.

A dança das cadeiras, ou dos microfones, entrou em ritmo mais acelerado. Desde então muita gente trocou de estúdio. Pedro Ernesto apostou em nomes novos para narração de jogos (Marco Antônio saiu ou foi ‘saído’), de modo que hoje não sei quem é o narrador número 2 da Gaúcha.

Outro grande fato no meio foi a demissão de Wianey Carlet, traído por um microfone que estava aberto quando deveria estar fechado. WC falou demais e o que não convinha para o momento. Muitos ouvintes pediram a cabeça do comentarista.

Nesta semana, WC estreou na Band (com ele o Alex Bagé, que conquistou uma legião de fãs na Grenal), que está montando uma equipe forte para competir e até brigar pela liderança. Tem até um programa novo, que vai das 12h30 até as 14h. Briga direta com o Sala de Redação, que não é mais aquele, está renovado, mas parece ter perdido sua alma, sua essência.

Não é por nada que o ‘Santaninha’, personagem do Duda Garbi, repete seguidamente o mantra: “Saudade do antigo Sala”. Os mais veteranos, imagino, devem concordar.

O fato é que a Rádio Grenal, que cresce de audiência e de qualidade com a incorporação do Dal Pizzol, Rogério e, por último, Marco Antônio Pereira, também entrou na briga contra o Sala.

Já a Guaíba se abstém nessa disputa. Segue com um programa que dá espaço justamente para aqueles que a população em geral mais detesta: os políticos. Sem contar o viés ‘esquerdista’ do programa.

Devo ter esquecido alguns nomes. É que é muita mudança nessa dança dos microfones. Ah, hoje a Band anunciou a demissão do João Batista Filho, um repórter agitador da nova geração.

Para encerrar, dos grandes nomes só quem ainda está sem microfone no rádio esportivo gaúcho é o Reche. Não duvido que ele e seu velho rival, Mortadela, passem a dividir o microfone.

É difícil, mas nada é impossível nesta agitada dança dos microfones.