Caso Aranha: Grêmio precisa reagir

Há uma campanha sórdida em andamento. Um movimento que busca atribuir ao Grêmio a pecha de clube racista. Mais do que isso, o mais racista do país.

Acontecem atos de injúria racial seguidamente em todos os locais. Um jogador do Inter (Victor Cuesta) foi acusado recentemente. E ninguém fala mais nisso. E se fosse um jogador do Grêmio?

Com certeza seria incluído no programa que a TV Globo anuncia para esta quarta-feira, dia 19, quando volta a abordar o caso Aranha dentro da temática do racismo.

A emissora, em seu site, apresenta assim o programa:

‘O repórter Guilherme Belarmino acompanhou o goleiro Aranha, da Ponte Preta, que no último fim de semana jogou em Porto Alegre contra o Grêmio. Durante o jogo, o goleiro foi vaiado toda a vez que pegava na bola. Há três anos, o Grêmio foi desclassificado da Copa do Brasil depois que a torcida atacou o então goleiro do Santos com ofensas racistas.’

O Grêmio já foi dura, e injustamente, punido. Afinal, respondeu pelo desatino de uma torcedora (não de uma torcida, como faz crer a reportagem). De nada adiantou identificar e responsabilizar a infeliz.

O goleiro Aranha, ciente de que seria destaque do programa sobre racismo, veio preparado. Foi um ator o tempo todo. O cinegrafista estava atento, esperando, por certo, outra manifestação racista. Que não veio. Imagino a frustração da equipe de TV.

No final, fez cara de vítima para os repórteres. Bem diferente daquele Aranha agressivo e homofóbico dessa entrevista de abril deste ano.

ARAPUCA

Foi armado um circo dentro da Arena. Eu diria que foi armada uma arapuca. Vai que no clima tenso do jogo aparece outro torcedor desvairado…

Agora, triste também a postura de certos jornalistas da aldeia, aliás os mesmos que cobraram punição exemplar ao Grêmio naquela ocasião e que hoje se calam sobre o caso Victor Cuesta.

Gente que conhece a história do Grêmio e ainda assim o rotula de clube racista. (Uma história que o jornalista Léo Gerchmann conta em detalhes em seu livro ‘Somos azuis, pretos e brancos’.)

Um clube que tem o negro Everaldo, em forma de estrela, em sua bandeira. Que teve em seu Conselho Deliberativo um negro, Alceu Colares, que acabou governador do RS.

Aliás, o estado mais racista, segundo o goleiro, já elegeu um negro.

Penso que está passando da hora de uma tomada de posição mais firme da direção contra essa tentativa de colocar o Grêmio como referência de racismo no futebol.

Se demorar mais um pouco, será tarde demais.

 

 

Sem medo de ser feliz

O Corinthians é o virtual campeão brasileiro/2017, mas está claro que se existe um time que ainda ameace essa conquista este, sem dúvida, é o Grêmio.

Até coloco o Flamengo como uma segunda opção, porque tem muito dinheiro, está mais organizado do que em anos anteriores e segue investindo em reforços de alto nível.

Só espero que não apareça com uma proposta milionária para contratar o melhor treinador do futebol brasileiro no momento, o Professor Renato Portaluppi. Deixando claro que Tite não conta porque não disputa o Brasileirão.

Nesse jogo contra a Ponte Preta, mais uma vez ficaram evidentes as dificuldades do time em impor seu jogo dentro de casa, em especial contra adversários de porte médio, que se fecham, tiram espaços e marcam forte. A PP ainda abusou da cera, sob o olhar negligente do juiz.

Ter levado um gol contribuiu para despertar as piores imagens em minha cabeça. Eu, e penso que muitos gremistas, já previa um filme de terror, com o ‘goleiro aquele’ pegando tudo.

Thiery foi afoito no lance do gol contra, coisa de jogador sem ritmo de jogo. Trata-se de um bom zagueiro, um bom reserva, nada além disso, ainda mais quando se tem como parâmetro Geromel (outra atuação fantástica) e Kannemann. Há um abismo entre a dupla titular e a dupla reserva.

Ir para o intervalo com um gol sobre os ombros era um fardo pesado demais, ainda mais que o Grêmio pouco havia criado. O ‘goleiro aquele’ quase não trabalhou, a não ser para fazer tempo e quebrar o ritmo mais veloz que o Grêmio pretendia dar.

O Grêmio voltou mais rápido no segundo tempo, mas ainda com poucos lances de área. Muita posse de bola, pouca produção ofensiva. A entrada de Fernandinho deixou o time mais agressivo, mas ainda ineficiente. Até que Pedro Rocha, até então um tanto apagado, fez grande jogada pelo lado esquerdo e tocou para Lucas Barrios empatar. A bola ainda desviu na zaga.

Doze minutos depois, aos 23, Luan lançou Fernandinho, que foi puxado por trás, pênalti! Barrios cobrou em meio a um clima tenso na Arena. Será que vamos perder outro pênalti? Era a questão que pairava. Mas Barrios chutou muito bem e colocou o Grêmio em vantagem.

Aí, a Ponte parou com seu joguinho lenga-lenga. Foi bom de ver a pressa do adversário, oposto ao que havia feito até então. De nada adiantou. Com o sistema defensivo bem organizado – mesmo sem Arthur -, o Grêmio praticamente não deu chances ao ataque adversário.

No final, um golaço dentro do padrão de qualidade que o time mostrou em seus melhores momentos desde a conquista do Penta. Luan lançou Ramiro, que cabeceou consciente para Éverton, que vinha de trás, cabecear para a rede deixando estatelado o ‘goleiro aquele’.

A vitória por 3 a 1 foi  justa, e teve a mão do treinador, que sacou um volante no intervalo, colocou um atacante, bloqueou os contra-ataques do adversário e foi pra cima sem medo de ser feliz.

SEGUNDONA

O Inter segue em seu calvário.

O time de série A na série B não está demonstrando em campo essa definição propagada pela imprensa gaúcha.

Esse tal ‘time de série A’ estaria hoje na lanterna da série A de verdade.

A direção colorada acreditou nessa lorota ufanista reiterada pelo lado vermelho da mídia. Se quebrou.

Agora, corre em busca de reforços. Não são muitos os bons jogadores que aceitam disputar a segundona. Não é o que diziam quando o Grêmio caiu?

Pois é, agora tentam Camilo para ser o articulador, companheiro de Dalessandro, que anda se arrastando.

Assim, a culpa recai sobre o técnico. A maior parte da imprensa culpa Guto Ferreira, nome que muitos enalteceram e agora querem sua cabeça.

A direção colorada ouviu muito seus jornalistas preferidos no ano passado. Deu no que que deu.

 

 

Recordar é viver – 1 –

A partir de hoje vou publicar alguns textos que cometi no meu primeiro blog, a partir de 2006.

O texto abaixo foi publicado dia 31/03/2006, véspera de um Gre-Nal. O jogo terminou em 0 a 0, com arbitragem calamitosa do Simon, pra variar. Foi aquele Gre-Nal do recuo de bola para o Clemer. Confiram parte do texto sobre o jogo, que foi no dia 1º de abril, abaixo do comentário principal, que, a meu ver, permanece atual:

O Gre-Nal e o General

Esta véspera de Gre-Nal é marcada pelo golpe de 64, dia 31 de março. Já se passaram 42 anos, período exaltado em nota oficial, nesta sexta-feira, pelo comandante do Exército, o mesmo do carteiraço no vôo da Tam na quarta-feira de cinzas.

A gente anda por aí e vê muita gente com saudade dos militares no Poder. É gente cansada, espichando o salário para chegar ao fim do mês sem fazer mais dívidas. Gente sem acesso a um atendimento digno de saúde. É gente desamparada, desiludida, decepcionada.

Gente que esperava muito do governo Lula. Gente que lê e ouve aqui e ali pessoas elogiando a política econômica que privilegia bancos, dívida externa, FMI, tudo que antes de chegar lá em cima abominava, execrava. Gente que ve tudo subindo, menos o seu salário. Gente que mal se dá conta que o Brasil, na América Latina, só cresceu mais do que o Haiti em 2005.

Vê-se agora que os discursos indignados dos anos 80 até 2002 não passavam de uma escada para chegar lá no alto, afastar as “elites” para depois agir como se elite fosse. Comprar lençóis de linho egípcio, reformar o palácio com 20 milhões do nosso dinheiro, comprar avião como se este fosse um país milionário, com saúde, educação e segurança para todos.

Por isso, tem gente com saudade daqueles anos em que mensalão não era sinônimo de corrupção, de deboche, de afronta, de provocação…

Mas é bom não esquecer que naqueles anos a imprensa era calada, sufocada.

Seria impossível escrever o que estou escrevendo sem sofrer algum tipo de punição. E não era pouca punição.

Apesar de tudo que está aí, ainda prefiro ter liberdade para escrever o que quiser, enquando espero por mais um Gre-Nal.

PARTE DO TEXTO PUBLICADO APÓS O JOGO:

‘A arbitragem do sr. Carlos Simon foi uma calamidade. Uma sucessão de erros que começou naquele absurdo de não marcar infração de Clemer, que pegou a bola com a mão no recuo de Bolívar, aos 6min. Um escândalo que ficará por isso mesmo.

Para ser indicado árbitro brasileiro na Copa do Mundo, o sr. Simon passou numa série de provas. Pelo que vi neste 1º de abril, fico me perguntando se foi realizado um exame oftalmológico nesses testes da Fifa. Acho que não, como pudemos ver nesse Gre-Nal de 0 a 0.’

Léo fecha o gol e Grêmio reassume vice-liderança

Fazia tempo que a estrela do treinador Renato Portuluppi não estava tão coruscante – finalmente consigo usar esse adjetivo que li em algumas colunas do coruscante David Coimbra – como nesta noite na Ilha do Urubu, na vitória por 1 a 0 sobre o Flamengo, reassumindo a vice-liderança.

Foi um brilho tão intenso que ofuscou os urubulinos (não podia deixar escapar essa por causa do apelido do estádio) de plantão, que já se preparavam para atacar em caso de nova derrota do Grêmio Show.

Confesso que fui para esse jogo, confortavelmente instalado no sofá, temeroso de um resultado ruim. Aquela confiança que tinha até alguns jogos atrás restou abalada. Mas agora voltou.

A ausência de Marcelo Grohe num jogo tão importante, contra um adversário que está crescendo e vai crescer mais ainda, me deixou preocupado. Não sabia como o jovem Léo reagiria diante do tamanho da responsabilidade.

Pois Léo não deu saudade de Grohe. Não fez nenhuma defesa para fotógrafo, mas foi seguro, eficiente e frio – atributos essenciais para um goleiro -, além da sorte.

Sorte que ele teve quando Éverton acertou o trave e, principalmente, na pixotada quase no final, quando chutou em cima de Damião. Por detalhe a bola não entra. Seria um lance para marcar qualquer goleiro. Felizmente foi só um susto. No mais, Léo esteve impecável.

Outro desfalque importante foi Pedro Rocha. Renato optou por Fernandinho, como se previa. Taticamente ele correspondeu, mas tecnicamente jogou um futebol precário. O certo seria Renato colocar Éverton ali pelos 20 minutos do segundo tempo no lugar de Fernandinho, que ficou até o final.

Renato desafiou as estrelas, os astros. Mas sua estrela brilhou. Por exemplo, nunca tinha visto o time de Renato fazer tantas faltas próximas da área. Algo temerário, ainda mais com um goleiro que busca afirmação. A dupla de área venceu praticamente todas as bolas cruzadas tanto pelas faltas como pelos inúmeros escanteios cedidos.

Outro desfalque foi Miller Bolanos, que, em forma, seria substituto natural de Pedro Rocha, ou poderia entrar no decorrer do jogo em meio ao desespero do Flamengo e de sua torcida. É importante que o clube recupere esse jogador o quanto antes. Na reta final da CB e da Libertadores será necessária muita qualidade.

O destaque desse jogo foi o espírito aguerrido e compenetrado de todo o time. O Flamengo tem alguns jogadores que desequilibram, mas que dessa vez esbarraram numa defesa bem postada e numa marcação dura e implacável no meio de campo.

O melhor do jogo, a meu ver, foi o goleiro Léo, que saiu da fogueira sem ser chamuscado. Depois dele, Geromel e Kannemann.

Na frente, Luan errou lances fáceis, mas fez o principal: o gol, num lance que só não foi inteiramente individual porque ele acabou ‘tabelando’ com um zagueiro antes de concluir. Desconfio que Luan sentiu a falta de Pedro Rocha. Quase tanto quanto Renato…

Já Fernandinho mostrou, mais uma vez, que é jogador para entrar ali pela metade do segundo tempo. Nunca para sair jogando.

Bolaños volta a deixar o Grêmio na mão

Mesmo que o Brasileirão não seja prioridade, o Grêmio tem obrigação de disputar cada jogo como se fosse o último nesse período sem confrontos pela Libertadores e Copa do Brasil.

O jogo contra o Flamengo é um desafio – o clube carioca vem crescendo e já é segundo colocado – e também uma oportunidade: nada melhor do que uma vitória sobre o time queridinho da influente mídia carioca para mostrar que o Grêmio segue vivo na disputa, apesar de recentes resultados negativos, frustrantes.

A lamentar, portanto, as ausência de Grohe, Pedro Rocha e, principalmente, Bolaños.

Por que ‘principalmente Bolaños’? Ora, dos três o único a ter unanimidade perante a torcida gremista é o equatoriano.

Grohe, para uma parcela significativa e ruidosa de gremistas, não tem condições de ser titular.

Para esses, a ausência de Grohe nesta quinta, no Rio, é um presente dos deuses. Afinal, se Léo fechar o gol estará abrindo caminho até para a titularidade. Será o primeiro passo para Grohe sair, assim como aconteceu com o também execrado Victor, hoje endeusado pelos atleticanos.

Isso que tem ainda o Paulo Victor, goleiro de trajetória irregular, mas que pode mostrar no Grêmio o que não conseguiu exibir com consistência até hoje.

Léo Moura e Cortez estão aí para provar que o Grêmio tem esse poder de reabilitar e consagrar jogadores com carreira instável ou em declínio.

Outro que sofre resistência de uma boa parte da torcida é Pedro Rocha. É verdade que alguns já estão reconsiderando, mas basta mais um gol perdido que o atacante volta a ser bombardeado nas redes sociais.

Sei de gente disposta a levá-lo ao aeroporto se ele for negociado, como se especula.

Assim, unanimidade na lamentação só o Bolaños. O técnico Renato foi muito criticado até poucos dias atrás por não colocar o equatoriano para jogar. É aquela história, a tal de economia interna.

Renato, Espinosa e Roman fizeram e estão fazendo o possível e o impossível para usar o jogador, peça considerada fundamental para a disputa da Libertadores e da CB.

No ano passado, Bolanos desfalcou o time por causa de uma agressão covarde, o que prejudicou bastante a campanha da Libertadores.

Agora, vítima de si mesmo, não de uma cotovelada assassina, Bolanos sinaliza que mais uma vez o time não poderá depender de seu talento pra coisa alguma.

Está fora do jogo contra o Flamengo por “problemas particulares”, conforme divulgou o clube.

RACISMO

O STJD, se for provocado, pode abrir um procedimento contra Victor Cuesta, sob acusação de injúria racial. O juiz nada registrou na súmula a esse respeito.

Quem quiser abastecer o STJD com informações pode mandar o material para o e-mail stjd@cbf.com.br.

Se houve racismo, que não fique impune. E que a punição seja exemplar como aconteceu quando o Grêmio foi envolvido.

 

O poste fez xixi no cachorro

O Grêmio foi insistente, criou inúmeras situações de gol, teve mais de 70 por cento de posse de bola. Enfim, era um jogo para um postulante ao título brasileiro golear um forte candidato ao rebaixamento.

Mas o poste urinou no cachorro. O Avaí venceu o Grêmio por 2 a 0, diante de quase 30 mil gremistas na majestosa Arena.

Aí, eu deparo nas redes sociais com gremistas dizendo que o Grêmio não jogou nada, que perdeu porque não tem interesse no Brasileirão e outras manifestações do gênero, que não se sustentam conforme provam os números do jogo.

Sobrou para Renato, que mandou Edilson bater o pênalti. Ah, deveria ter mandado o Lucas Barrios, dizem, como se houvesse garantia de acerto na cobrança.

O fato é que o Grêmio perdeu outro pênalti, e isso, sim, precisa ser considerado, avaliado, porque um título pode ser decidido dessa forma.

Dois dos cobradores já estão meio queimados, Luan e Edílson.

Sobre Edílson, são impressionantes suas cobranças de falta. O goleiro Douglas fez uma defesa sensacional num chute violento com a bola fazendo uma curva a poucos metros do goleiro.

Foi a mais difícil defesa de Douglas, que fez outras tantas, como a do pênalti (mal) batido pelo mesmo Edílson.

Quem teve sorte foi o goleiro Grohe. Imagino como não estariam as redes sociais em razão do primeiro gol do Avaí, uma bola colocada quase no ângulo. Bola difícil de defender. Léo não conseguiu. Fosse Grohe voltaria aquela ladainha chata do motorista de kombi e outras definições tão absurdas quanto essa.

Mas já vejo gremistas festejando a contratação de Paulo Vitor. Agora, vai…

O ex-goleiro do Flamengo não ata a chuteira do Grohe. Mas vou torcer por ele e nunca darei a ele apelidos pejorativos porque ele estará fazendo o melhor pelo Grêmio, assim como fazem Grohe, Léo e Grassi.

A lamentar que o Grêmio, velho formador de goleiros, tenha de buscar fora o que produzia aos borbotões. O que será que aconteceu? Uma pena.

Bem, com a derrota, o Grêmio ficou ainda mais distante do líder Corinthians. Tem gente indignada.

É sempre ruim perder, ainda mais um jogo em que os três pontos já podiam ser contabilizados. Mas o futebol é assim mesmo.

Se o Grêmio não tivesse lutado e criado chances de gol, eu estaria agora criticando também, mas o time lutou, criou, mas esbarrou num adversário que veio para não perder e acabou deixando a Arena com 3 pontos inimagináveis.

Grande parte dessa vitória se deve ao goleiro Douglas, que não ficou no Grêmio supostamente por um problema médico. Problema que, pelo jeito, não era tão grave assim. Estranho.

URUBULINOS

Espero que os gremistas, mesmo os mais críticos, os urubulinos de plantão, não reforcem o coro do lado vermelho do Rio Grande para criar crise no Grêmio.

INTER

Pancadaria e rojões no Beira-Rio. De novo. O MP será que irá tomar providências?

Há gremistas sustentando que se fosse no Grêmio a Arena talvez até fosse interditada.

Não quero acreditar que o MP seja parcial, que use dois pesos e duas medidas.

Mas o que parece é que a instituição atua com mais rigor quando se trata do Grêmio, da majestosa Arena e de calorosa torcida tricolor.

Não quero acreditar nisso.

Até porque essa onda de violência só tende a crescer. Não é o que nós queremos, não é mesmo caros promotores do MP?

A gente sabe o que acontece quando se demora a agir. Há exemplos em abundância.

É fundamental blindar vestiário contra especulações

Não é fácil chegar ao topo, mas mais difícil é se manter por cima. O Grêmio não ganhou nada neste ano, a não ser reconhecimento – o que não é pouco.

Prestígio, elogios e tudo mais fazem bem ao ego gremista. Mas não enche a barriga. É preciso títulos.

Daqui a alguns anos ninguém irá comemorar grandes campanhas. A história só registra mesmo os títulos, como bem sabe a seleção brasileira do mundial de 82.

O caminho para chegar lá é espinhoso e traiçoeiro. Uma das dificuldades é que de repente começa a aparecer um pessoal aí a fim de desmantelar o time.

Os jogadores do Grêmio passaram a ser muito visados. Com certeza, há algumas propostas na mesa da direção tricolor.

Mas é certo também que a maioria das ‘notícias’ sobre interesse de clubes estrangeiros não tem fundamento, boatos plantados por empresários/procuradores que a imprensa, sempre ávida por fatos novos para abastecer programas de rádio e páginas de jornais nem se dá ao trabalho de apurar se realmente exite alguma veracidade no que se (des) informa.

Verdades ou não, o fato é que todo esse notíciário chega aos jogadores, um pessoal muito sensível e ligeiro quando se trata de ganhar ainda mais do que ganham e o mais rápido possível porque ‘a carreira é curta’, conforme ‘demonstram’ Zé Roberto, Dalessandro e outros trintões e quarentões.

A cada dia surge alguma especulação sobre transação envolvendo jogadores do Grêmio. E isso me preocupa, independente de sair negócio. Se sair, então, é ainda pior.

O Grêmio chegou a um estágio em que conquistar algum título importante é fundamental. Há uma expectativa enorme nesse sentido. Qualquer revés será uma ducha de água gelada na torcida.

Não se discute se o Grêmio será campeão. A questão, na cabeça gremista, é campeão de que?

Copa do Brasil, Libertadores, Brasileirão?

Até aí tudo bem. O problema que eu vejo neste momento é que essas ‘informações’ sobre propostas do exterior podem mexer com a cabeça dos boleiros, e atrapalhar a caminhada rumo à glória.

Vejo tudo isso como mais um desafio ao Renato e aos dirigentes.

Acredito que Renato, que já viveu essa situação quando jogava, saberá fazer com que jogadores como Luan, Pedro Rocha, Ramiro, Lucas Barrios, Geromel , entre outros, mantenham o foco nas competições e não se perturbem com sedutoras ofertas milionárias que muitas vezes se limitam às páginas de jornais.

É importante neste momento manter o vestiário blindado contra a enxurrada de especulações.

 

Grêmio vence com espírito de Libertadores

A vitória por 1 a 0 sobre o Godoy Cruz passou por Marcelo Grohe. Mais decisivo no jogo só mesmo quem marcou o gol, Ramiro, jogador que consegue estar presente em todas as partes do campo.

Na verdade, todos tiveram participação importante pelo esforço, postura altiva, comprometimento e autocontrole para não cair no jogo violento do adversário.

O Grêmio tratou de jogar futebol, algo bastante difícil diante de um adversário decidido a apatifar o jogo ao perceber que enfrentava um time forte e que vencia por 1 a 0 antes de completar o primeiro minuto.

Teve ainda o campo muito irregular e molhado a prejudicar principalmente a equipe com maior capacidade técnica.

Por minutos pensei estar diante de um jogo do Gauchão dos anos 70, com os irmãos Pontes batendo impunemente, como o número 10 dos argentinos, que só não foi expulso por covardia do árbitro.

Aliás, juiz que sonegou um pênalti ao Grêmio quando Pedro Rocha foi puxado pelo ombro quando invadia a área pela esquerda.

Lembrando que o criticado PR foi o autor do cruzamento que resultou no gol da vitória, anotado aos 45 segundos. O chamado gol ‘mata secador’.

O Grêmio, como um todo, teve atuação adequada para encarar jogos da Libertadores. Todos os jogadores estiveram num nível alto – a zaga, então, foi soberba, principalmente quando os argentinos começaram a apelar para os chutões para a área.

Mas quero destacar Marcelo Grohe. O goleiro precisa matar um leão por jogo. Num dia é vilão, no outro pode ser herói, e assim será até pendurar as chuteiras.

O goleiro com ‘braço de motorista de kombi’ ou de ‘jacaré’, conforme definem alguns ilustres gremistas frequentadores deste espaço e tantos outros por aí, só de birra, decidiu usar os pés quando, já caído, evitou o gol de empate, ainda no primeiro tempo.

No segundo tempo, apesar do paredão diante da área, Grohe protagonizou outra defesa salvadora durante entrevero na pequena área. Mas a defesa mais espetacular foi aos 32 minutos, no cabeceio mortal de Garcia.

Em condições normais, o Grêmio poderia ter vencido com mais tranquilidade. No jogo da volta, em agosto, dia 9, isso poderá ser comprovado.

Felizmente, o time teve serenidade e ao mesmo tempo bravura. Não se ‘michou’. Foi um time de homens, definiu o técnico Renato Portaluppi.

Além de armar bem o time, Renato teve o grande mérito de incutir nos jogadores o ‘espírito da Libertadores’.

Mata-mata e a natural opção pela Libertadores

Dizer que o Grêmio está abrindo mão do Brasileirão em troca de mata-mata (CB e Libertadores) é um absurdo. Mas é o que li num jornal hoje.

Já escrevi: papel, microfone e, claro, monitor, aceitam tudo. Tem um aí que decretou recentemente que o Inter se classificaria para a série A faltando meia dúzia de rodadas.

Pedro Ernesto, o autor da pérola, tem sido vítima de gozação a cada fracasso colorado.

É o que acontece com quem fala por falar, sem nenhum compromisso com os fatos, com a realidade.

No caso do Grêmio, é preciso deixar bem claro que o Grêmio não desistiu do Brasileiro, apenas o colocou em terceiro plano. As prioridades são a Libertadores e Copa do Brasil.

Sem esquecer que o Grêmio estaria liderando a competição de pontos corridos se tivesse mantido o time titular em todos os jogos. Quem faz uma competição fácil ou difícil é o time, não a forma.

Se a Libertadores fosse por pontos corridos continuaria sendo a prioridade das prioridades. É a competição mais importante, é a competição que eleva o clube de patamar, além de abrir caminho para aumento de receita.

Então, nada a ver com o formato das competições. Me admiro muito que um jornalista experiente e inteligente como o Zini – velho companheiro de reportagem em tempos remotos – cometa esse erro primário de avaliação.

Mas é um direito dele pensar assim. E um direito meu de ficar perplexo diante de tal afirmação.

Além do mais, o Grêmio não desistiu do Brasileirão.

O vice-presidente Odorico Roman, que está se revelando um dirigente competente e equilibrado, disse que o Grêmio segue na disputa, que o problema é o Corinthians com uma campanha “tão fora da curva”.

Roman acredita, como todos nós, imagino, que a qualquer momento o líder vai cair de desempenho. Não tem como manter os atuais 87% de aproveitamento.

Então, nada está perdido também no Brasileirão. Não é a prioridade, mas também não é desprezado.

Fora isso, nada garante que ao focar a Libertadores o Grêmio será campeão. Vale o mesmo para a CB e o Brasileiro.

Nas três competições há adversários fortes, qualificados e também muito determinados a conquistar títulos.

De minha parte, repito o que já escrevi outras vezes, a torcida mais fervorosa é pelo grandioso título da América.

E aí o Real Madrid vai ver o que é bom pra tosse!

 

Reservas expõem qualidades e defeitos

Meu foco é a Libertadores. Todos os gremistas que conheço pensam assim. Alguns, no entanto, se entusiasmam fácil e ampliam o foco para a Copa do Brasil e até o Brasileirão.

O Brasileirão é quase impossível analisando pelo ângulo de quem quer porque quer o título continental, o tri da América. O resto é perfumaria. Vou ficar frustrado se não conquistar a Libertadores, mesmo vencendo a CB (que é a que está mais ao alcance) ou o Brasileiro.

Meu foco, pois, é a Libertadores. Isto posto, vou ao que interessa em relação ao jogo contra o Palmeiras: o rendimento dos reservas, pensando unicamente em seu aproveitamento na campanha da Libertadores.

Assim, o melhor que vi no Pacaembu na derrota por 1 a 0 foi a atuação do goleiro Léo. Senti firmeza no cara. Antes do jogo escrevi que gostaria de ver Léo jogando até para sentir o quanto ele é confiável.

Salvo engano, penso que Grohe pode estar ganhando uma sombra, o que é muito bom. Quando o sujeito percebe que não tem rival, relaxa. Faz parte.

É como o cara que se empenha todo para conquistar um gata e depois começa a engordar, só pensa em jogar futebol com os amigos, beber todas, deixando a patroa (é assim que ele passa a chamar aquela gata estonteante de outros tempos) atirada em casa.

Quer dizer, o cara é candidato a ser substituído por outro. Tem sempre um Ricardão por perto. No futebol não é diferente. Vacilou, dançou.

Então, gostei do Léo. Grohe tem um bom reserva, e isso pode ser decisivo em termos de Libertadores. Num ano como esse não dá para depender de apenas um goleiro.

No mais, é difícil avaliar os jogadores num time reserva, sem entrosamento, sem que se cometa alguma injustiça.

Na linha defensiva, para vocês terem uma ideia do que eu penso sobre os quatro, digo que o melhorzinho foi Bressan. Não estou entre aqueles que elegem Bressan o pior em campo assim que ele pisa o gramado e faz o sinal da cruz.

Mas, vejam: mesmo sem destaques individuais, essa defesa levou apenas um gol, e foi contra. Além do mais, permitiu poucas chances ao Palmeiras, que também jogou com um time reserva, reforçado por alguns titulares no segundo tempo.

O fato é que nenhum dos quatro pode ser titular, nem o Marcelo Oliveira, sempre dispersivo, sempre querendo fazer mais do que pode, e aí errando e comprometendo.

A dupla Jaíilson e Kaio cumpriu bem a função defensiva, mas é bom que Renato não precise de nenhum deles em algum jogo decisivo.

Vale o mesmo para Lincoln e Machado, que fez o gol da vitória do Palmeiras – esse time reserva do Grêmio além de tudo não tem sorte.

Lincoln é um guri que foi festejado precocemente como craque. Desconfio que ele só irá jogar bem quando tirar aquele bigode. Tenho problema com bigode. Uma vez, nos primórdios da humanidade, eu ostentei um bigode. Rasguei as fotos que eu tinha. O Inter teve um lateral, João Carlos, que usava bigode. Todos só lembram dele como pai dos gêmeos Diego e Diogo.

Jogador de bigode não dá! Alguém precisa dizer isso ao Lincoln. Além, é claro, de que ele precisa jogar mais se não quiser ficar como uma eterna promessa.

Gostei da volta do Bolanos. Ele teve alguns bons lances, mas isso não importa. O que interessa é que ele voltou e todos nós sabemos que ele pode ser muito útil. Quem sabe até assumir a titularidade. Só não sei em lugar de quem. Não será por decreto, com certeza.

Na frente, Fernandinho lutou muito, e fez algumas boas jogadas. Éverton, pouco lançado, e muito isolado no primeiro tempo, foi perigoso no segundo. Fez uma jogada sensacional que Kaio não aproveitou direito.

Por fim, ficou claro que Renato está realmente utilizando os melhores jogadores do grupo.

A FASE DA NEGAÇÃO

A direção colorada sonhou em algum momento que bastaria somar três pontos em Pelotas no estranho jogo contra o Brasil que o time ganharia moral suficiente para vencer seus dois próximos jogos.

Não sei se ganhou moral, mas não ganhou qualidade. Conseguiu perder para o modesto Boa Esporte por 1 a 0. Praticamente não chutou uma bola a gol, o que é algo deprimente para um clube que acreditava ter formado um time de série A.

Não, o Inter tem um time de segundona na segundona.

Hoje, a torcida colorada – e parte da imprensa – não aceita isso. É a fase da negação. Junto, para os colorados mais exaltados, a fase da revolta.

Se a fase da aceitação não ocorrer logo, talvez seja tarde para evitar mais um ano da segundona.

Quem consegue perder para um time como esse Boa, em casa, realmente não merece melhor sorte.