O turbilhão de emoções que marcou a goleada do Grêmio sobre a Chapecoense mostra que o time comandado por Renato Portaluppi está preparado para o que der e vier.
Na goleada por 6 a 3 em plena Arena Índio Condá sobre a Chapecoense, que iniciou a rodada na liderança – é bom frisar isso porque não vai faltar quem queira diminuir a relevância do resultado-, aconteceu de quase tudo.
A começar pela atuação de um juiz frouxo, que começou usando o cartão amarelo como escudo e que depois, quando o clima esquentou, mostrou toda a sua tibieza e se deixou envolver pelos jogadores.
A Chapecoense abusou de jogo duro, e até da violência. Em pelo menos dois lances havia motivo para o juiz mostrar o cartão vermelho. Sem contar que na área da Chapecoense toque com a mão não é pênalti, na do Grêmio, sim.
O juiz tentou, mas não conseguiu impedir o show gremista. O primeiro gol, aos 20, marcado por Michel, do ‘meio da rua’, como diziam os antigos narradores, foi um espetáculo à parte. Se foi por querer ou não, tanto faz. Foi bonito, e é o que importa.
Logo depois, em noite das mais inspiradas, Michel ampliou de cabeça, na cobrança de falta de Luan.
Michel é aquele tipo de jogador que chega de ônibus, discreto, sem chamar atenção, e que aos poucos vai se afirmando, se revelando, a ponto de já disputar um lugar na primeira classe.
Tudo se encaminhava para uma vitória tranquila. Mas aí apareceu o fator Grohe. Em falta cobrada para a área, a bola passou pela cortina de jogadores e enganou o goleiro gremista, que saltou e defendeu, mas a bola acabou entrando alguns centímetros. Um lance polêmico, de difícil visualização inicial, mas que foi bem observado pela arbitragem.
A Chape cresceu e voltou para o segundo tempo decidida a virar. Jogou-se ao ataque bem ao estilo do seu técnico ofensivista, sem considerar e respeitar a qualidade do time que enfrentava.
O jogo estava encardido. Foi quando Lucas Barrios sentiu uma lesão muscular. Entrou Éverton.
Eu, que sou um defensor de time sem homem de área, a tal referência, vibrei quando vi Éverton em campo. Nada contra Lucas Barrios, que hoje é titular indiscutível, mas a favor de um conceito de futebol que tenho faz muito tempo.
Aos 14 minutos, Pedro Rocha, em seu único lance de brilho no jogo, lançou na medida para Éverton, que, em seu primeiro toque na bola, encobriu o goleiro para fazer 3 a 1. No minuto seguinte, Éverton recebeu lançamento de Luan e, em seu segundo toque na bola, fez 4 a 1.
A Chape descontou num pênalti altamente discutível, considerando-se ainda que minutos antes houve um toque claro de mão na área adversária e o juiz nada assinalou.
A resposta do Grêmio foi imediata. Éverton, o nome do jogo, aos 35, passe de Luan, mais uma vez ficou cara a cara com o goleiro e com frieza e técnica soube meter no canto: 5 a 2. A Chape marcou de cabeça aos 44 e Luan, após tabela com Ramiro, fez o sexto gol gremista.
O Gremio tem o ataque mais positivo do Brasileiro, onde ocupa o segundo lugar. São 15 gols em cinco jogos, uma média estupenda, rara.
Os melhores em campo: Éverton, Luan (quatro assistências e um gol) e Michel, que se firma na equipe.
Não gostei do Marcelo Grohe. O Gremio goleava e ele conseguiu levar um cartão amarelo por fazer cera. Mas está com crédito. Ainda.