Cai o nível de tolerância dos torcedores

Este é um momento raro. Gremistas e colorados estão desconfiados e insatisfeitos com suas equipes. O nível de tolerância baixou muito desde o começo do ano.

Os resultados e as atuações de Grêmio e Inter são preocupantes. Na vitória por 2 a 0 contra o Emelec, parte da torcida vaiou o time em algumas jogadas erradas. Poupou o técnico Falcão.

O presidente Luigi criticou esse comportamento. O vice de futebol elogiou a torcida. Vá entender.

Eu não vi o primeiro tempo do jogo no Beira-Rio. Soube que foi terrível. A torcida, com razão, demonstrou sua irritação. Afinal, a direção colorada vendeu a esperança de que com Falcão tudo seria diferente.

O time continua jogando o mesmo futebol de antes, apesar de alguns comentaristas, na ânsia de elogiar Falcão, vejam algo de novo, de inovador, etc.

Os que hoje elogiam mudanças táticas, posicionamentos diferentes, são os mesmos que vão dizer, em caso de derrota para o Juventude, por exemplo, que o técnico Falcão não tem culpa porque recém assumiu. “O time ainda não assimilou o estilo do Falcão”, vão repetir quase que em coro. O fato é que qualquer análise séria neste momento é prematura.

Falcão praticamente não tem responsabilidade sobre o futebol que o Inter jogou no final de semana e nesta terça-feira.

O fato é que o Inter, assim como o Grêmio, está decepcionando neste começo de temporada.

A diferença é que o Inter ganhou um goleador, Leandro Damião, enquanto o Grêmio perdeu o seu, Jonas.

Por isso é que a campanha colorada na Libertadores nesta fase foi superior. Simples. O Inter tem um goleador. No mais, os dois times se merecem e se não jogarem mais, vão cair muito antes da fase final.

SAIDEIRA

O primeiro gol colorado foi em impedimento. As pessoas falam pouco sobre isso. Houve um registro rápido na hora. Sobis estava impedido quando fez 1 a 0. O Ernani Campello, da Guaíba, constatou isso meio que constrangido.  Não ouvi os outros comentaristas. O gol deu tranquilidade ao time e acalmou a torcida.

Grêmio, Cruzeiro e a grama sintética

Leandro era o atacante mais eficiente do Grêmio quando foi substituído. Sob o olhar conivente da arbitragem, apanhou muito. Leandro Vuaden gosta de ver o pau comer, principalmente contra os mais talentosos como Leandro, D’Alessandro, Oscar, Douglas e outros.

Aos 5 minutos do segundo tempo, leandro invadiu a área pela esquerda a drible. foi derrubado pelo zagueiro que já estava batido no lance. Leandro caiu. Ele não se atirou. foi falta, pênalti.

O comentarista da RBS TV viu o lance repetido pelo monitor e continuou dizendo que não foi falta. Outros comentaristas, os de rádio, viram o pênalti.

O pipoqueiro de fora do estádio viu que foi pênalti.

Depois desse lance de talento, de brilho individual, Leandro se apagou no jogo. Aos 20 mais ou menos foi substituído. Renato foi chamado de burro por parte da torcida. Eu mesmo estranhei.

Um comentarista de rádio chegou a dizer que tirar Douglas e Leandro era um erro enorme e que mesmo se o Grêmio vencesse ele continuaria a dizer que Renato havia errado. Um absurdo. Pura vontade de bater em Renato. 

Renato é debochado, irônico, fala demais. Há quem coloque isso acima de suas qualidades como treinador.

Os dois que entraram foram muito bem. Gostei do Carlos alberto. ele é brigão, mas tem capacidade de indignação, e isso me agrada. Apanha e encara os zagueiros. Por pouco não fez um gol, o zagueiro tirou de cabeça de cima da risca. Esse é o C. Alberto que eu conheço e que será útil mna Libertadores. gostei também da forma como ele vibrou quando marcou o gol de pênalti. 

Gostei do Lins. Ele vai pra cima do adversário, não se intimida. E tem qualidades. tem potencial. Fez mais em 20 minutos que o Borges nos tres ultimos jogos. Lins é um segundo atacante, mas acho que já merece ser testado no lugar de Borges. Pior não vai ser.

Pela primeira vez o volante Fernando me agradou. Jogou muito. Distribuiu o jogo com bons passes e lançamentos. e foi bem na marcação.

O Ipiranga tem um time forte, inclusive fisicamente. E tem bons jogadores.

No final do jogo, Antônio vicente Martins abafou a fofoca e a intriga ao declarar que ele e Renato trabalham em harmonia atualmente, e, ao contrário do que esperavam alguns, elogiou as substituições do técnico.

SAIDEIRA

Renato não vive sem uma confusão. Não tinha nada que afirmar que não joga no Passo d’Areia. ele poderia opinar, mas não ser tão enfático. Pronto, já veio o presidente da FGF rebater. Idem o do Cruzeiro.

O jogo contra o Cruzeiro deve ser mesmo na grama sintética, uma praga que a Fifa aprovou. Os fabricantes adoraram essa decisão dos velhinhos suíços.

O Cruzeiro tem direito de querer jogar ali. Mas poderia jogar em Canoas. seria bom para os dois times, especialmente para o grêmio que está envolvido  com a Libertadores e precisa cuidar para não ter mais lesionados.

O jogo na grama sintética é ruim para os dois. Mas quem mais perde é o Grêmio, que já está também na final do Gauchão.

Duvido que por trás disso exista uma conspiração contra o Grêmio. Duvido, mas não duvido muito.

Renato saúda Falcão. Mas ao seu jeito

Borges abusou da arte de perder gol lá na minha terra. Um deles me lembrou o Jonas em seu pior momento. Jonas evoluiu, Borges será sempre apenas Borges, um atacante bom, eficiente, mas insuficiente para quem elegeu como prioridade o título da Libertadores. O pior é que também não levo muita fé no André Lima.

O empate por 1 a 1, conseguido no finalzinho com um pênalti sobre Borges, um pênalti daqueles desnecessários, coisa de zagueiro assustado, evitou o Gre-Nal já na próxima fase, em meio a jogos da Libertadores para os dois times. Seria ruim. O Grêmio agora terá de ir a Erechim.

Já o Inter levou um susto. Se este não fosse um boneco família eu diria que levou um cagaço. Tomar dois gols de cara dentro de casa do pequeno Canoas, convenhamos…

Mas aí o time reagiu e mostrou o que deve fazer um time grande, milionário, contra um time formado às pressas e com prazo de validade curto, como é o Canoas e a maioria dos times do Gauchão.

O Inter goleou. Foi sua maior goleada no campeonato. Por coincidência, para quem acredita em coincidência, Roth (toc-toc-toc) não estava no banco. Com ele será que o time se soltaria tanto? Claro que não.

Preocupante, para os colorados, é a frase do Siegmann: Roth tem as portas abertas no Beira-Rio. E ele volta, é claro que um dia ele volta. Assim como voltará ao Grêmio, onde deixou viúvas.

Por falar em frases, Renato não podia perder a oportunidade de provocar seu novo rival, o Falcão. Desnecessário e inoportuno.

Renato tem razão ao reforçar que Falcão não treina há tempo, que uma coisa é dar palpite, ou opinião, como queiram, como comentarista, outra coisa é comandar um vestiário e ir para a beira do campo ‘fazer acontecer’, conforme frisou o técnico gremista.

O problema é que Falcão é um sujeito inteligente e vai comandar um time de qualidade. O mais sensato seria Renato esperar mais um pouco antes de fazer suas provocações, em tom de brincadeira, a gente sabe, mas que sempre geram uma situação que não precisa ser criada agora.

Não faltará gente na mídia para aproveitar e detonar o Renato, principalmente se mais adiante ele perder o duelo para Falcão. Mas Renato é o tipo do cara que gosta de provocações, de pagar para ver.

Como jogador, entrava em campo no estádio lotado, decisão de campeonato, e jogava como se estivesse numa pelada em Ipanema. E sempre falando o que lhe desse na telha.

Não mudou nada. Pra imprensa, um prato cheio. Suas declarações vão render alguns programas de rádio e de TV.

Eu prefiro um técnico assim, brincalhão e irreverente ao microfone, a um cheio de pose, de frases politicamente corretas, estudadas, mas absolutamente chatas e redundantes.

É claro, desde que continue ganhando.

Scliar e o Alerta do Cruzeiro

O cruzeirense Moacyr Scliar morreu sem ter visto o renascer do seu clube.

O Cruzeiro eliminou o Inter da disputa pelo título do primeiro turno do Gauchão e neste domingo jogou como o velho Cruzeiro. Enfrentou o Grêmio, no Olímpico, com valentia. Não fosse o goleiro Victor poderia ter complicado o jogo ainda mais.

O Cruzeiro caiu de pé, como se dizia naqueles tempos do velho Cruzeiro da Montanha. Hoje, o Cruzeiro do Montanha, apelido do abnegado Ernani Campello, repórter da rádio Guaíba. Montanha acreditou num sonho, e este sonho está concretizado.

Scliar teria orgulho desse Cruzeiro que vimos jogar hoje no Olímpico.

Fico feliz pelo ressurgimento do Cruzeiro. Além do mais, o Cruzeiro prestou um serviço ao Grêmio. Com um elenco de nomes modestos – alguns de qualidade, como o zagueiro Léo -, o time estrelado escancarou problemas que parecem ser crônicos em seu adversário.

Um pouco antes das férias, alertei para algumas coisas. Uma delas, a facilidade como os jogadores rivais cabeceiam na área do Grêmio. Continua mesma coisa. Cheguei a sugerir que o Roger, aluno de Felipão, mestre em treinar zagueiros, fosse utilizado para resolver o problema.

Quando um time que almeja o título da Libertadores leva dois gols de cabeça – o primeiro deles de um jogador de metro e meio de altura – de um time como esse do Cruzeiro, que tem como meta máxima permanecer na série A gaúcha, é porque a coisa está feia, pior do que parece.

Mário Fernandes, conforme li tempos atrás, não joga na zaga porque é fraco na bola aérea. Será que ele está jogando e eu não percebi? Será que ele está disfarçado de Paulão ou de Rodolfo?

A bola aérea foi mandar o Grêmio pro espaço. Algo precisa ser feito urgentemente. Se não tem como melhorar a zaga, que se reforce o meio de campo para que o número de bolas alçadas para a área diminuam.

Renato precisa tomar providências imediatas.

Outro problema: Gilson não pode ser titular da lateral-esquerda. Ainda mais agora com Bruno Colaço jogando o que está jogando. E tem ainda o Lúcio.

No meio, Carlos Alberto e Douglas se sobrepõem. Eles quebram o galho contra times mais fracos. Quem quiser se enganar que se engane.

O mesmo no ataque. André Lima e Borges são jogadores de área. Gostam de ocupar o mesmo espaço. Renato, na falta de melhores alternativas, insiste com a dupla. Mas talvez seja hora de testar melhor o Viçosa, que entrou bem fazendo jogada pelo flanco e até cavou um pênalti em jogada de brilho individual.

Alguns dizem que sou pessimista, outros que sou realista.

O fato é que com esse futebol que jogou hoje contra o Cruzeiro o Grêmio terá vida curta na Libertadores.

Nem eu sei se estou sendo pessimista ou realista.

É isso: as férias não melhoraram meu humor, tampouco reduziram meu enfoque crítico.

SAIDEIRA

Destaques do Grêmio nesta vitória por 4 a 2. Pela ordem: Gabriel, Douglas, F. Rochemback e Borges. Gostaria de ver o Borges assim contra times mais qualificados e com marcação mais dura.