Renato: um prato cheio

Renato sempre falou demais. Desde os tempos de jogador iniciante no Grêmio.

Sempre foi um prato cheio pra imprensa. Quando o Grêmio ‘deu’ Renato pro Flamengo (600 mil dólares em quatro parcelas que o Flamengo sempre atrasou) eu era setorista.

Lamentei o fato porque perdia um ‘assunto’ e, claro, porque o clube perdia o seu melhor talento, um sujeito que dava gosto de ver jogar, que levava gente aos treinos e aos jogos.

O Grêmio e o futebol gaúcho ficaram mais pobres com a saída de Renato. E isso vale para mais uns poucos jogadores.

Renato como treinador segue sendo um ‘assunto’. Fala demais e muitas vezes diz coisas sem pensar direito.

Aqueles que não gostam de Renato se aproveitam, chegam a salivar de satisfação.

Renato não quer ir a todos os jogos no Interior com o time reserva.

Ele está certo.

O que importa é o time principal, é a Libertadores. Se ficar à beira do campo e começar a perder, Renato terá sua imagem abalada. Sempre vai ficar aquele estranhamento. E sempre vai aparecer alguém pra cornetear.

Há quem queira Renato treinando os reservas no Gre-Nal. No outro lado estará um técnico reserva. Do lado do Grêmio o técnico titular?

Estão de brincadeira, ou de sacanagem.

Outra coisa: Renato é gremista. Para ele é insuportável perder Gre-Nal. E também por isso ele deve ficar distante de Livramento. Que veja o jogo pela TV.

Sobre observar um ou outro jogador nesses jogos no Interior, é interessante que Renato vá a alguns deles. Mas tem auxiliares capacitados para avaliar no seu lugar.

Renato deve ficar concentrado na Libertadores.

E, se possível, pensar mais antes de dar entrevistas que possam dar armas ao inimigo.

A fonte secou

Depois do blog do David Coimbra e do Bebendobem, ontem foi a vez do Clube da Bolinha, um blog do clicrbs. E um blog com grande índice de leitura a julgar pelos inúmeros pedidos de cerveja que recebi em poucas horas.

A 1983 ganhou um belo espaço. De quebra, eu apareço. Daqui a pouco vou dar autógrafo.

Minha resposta aos que pedem a ‘cerveja campeã’ é uma só:

não tenho uma unidade sequer disponível. A fonte secou.

Recebi pedidos de gremistas até de outros Estados.

É força da torcida gremista.

Aumentei a produção logo após a virada do ano. Mas as cervejas ficam pronta só a partir da próxima semana. E o número é insuficiente pra atender todo mundo, infelizmente.

Por outro lado, fico contente com a repercussão.

Os gremistas gostaram da ideia de marcar o ano de 1983 através da bebida preferida dos brasileiros.

Os colorados ficam meio assim. Alguns até compram para presentear um amigo gremista. Outros ficam na bronca.

Teve quem escrevesse estranhando que eu, um cronista esportivo que sempre se mostrou neutro e imparcial, tenha agora um blog ‘gremista’ e ainda crie esse cerveja ‘provocativa’.

Durante o tempo de profissional de imprensa sempre exerci a profissão com ética e dignidade. Os textos principais do título da Libertadores e do Mundial do Inter, em 2006, são de minha autoria. Eu estava chateado, mas isso não interferiu no meu trabalho.

Tem colorado que chorou de emoção com o que eu escrevi, o que muito me orgulha.

Naquele momento, como em tantos outros, procurei me colocar na pele do torcedor. Escrevi como se fosse o mais fanático dos colorados. Acabei até me emocionando de tão fundo que fui ao incorporar o sentimento colorado.

Quem leu os textos acredita que é coisa de colorado. Naquele momento eu fui colorado.

Se eu não me importasse com o Inter não teria esse blog pra fazer brincadeiras e provocações.

Hoje, não sou profissional de imprensa. Sou ex-cronista esportivo. Mas sempre jornalista.

E agora também cervejeiro.

Por fim, peço paciência aos que querem degustar a 1983.

Vale a pena esperar.

Bebendo bem e o RG 'carioca'

O texto abaixo saiu no site globo.com.br, agora à noite:

Samba, praia, futebol. Sempre que possível, na companhia de belas mulheres. Esse é o roteiro de todo carioca da gema de bem com a vida. Por mais que seja gaúcho na certidão de nascimento e no codinome que carrega em sua carreira de sucesso, não há como negar: Ronaldinho tem o jeito do malandro nascido no Rio. E agora, que vai viver na Cidade Maravilhosa pelo menos até 2014 – se cumprir na íntegra o contrato assinado com o Flamengo -, o jogador certamente será visto desfilando da Zona Norte à Zona Sul.

– Lembro bem que o Ronaldinho sempre comentava que gostaria de ser carioca, ter nascido no Rio. Ele ama a cidade, diz sempre que no mundo não tem lugar mais bonito – afirmou o amigo Anderson, vocalista e compositor do grupo de pagode Molejo, um dos preferidos do craque.

Já estou na torcida para que RG passe a ser chamado de Ronaldinho Carioca, até pra diferenciar de Renato Gaúcho.

Gostei da ressalva no texto: ‘…se cumprir na íntegra o contrato…”

Sei lá, mas acho que não completa este ano.

SAIDEIRA

Conheci um site legal dia desses. É o www.bebendobem.com.br.

Tudo a ver aqui com o boteco.

O idealizador é o Fabian Ponzi, que gostou tanto da 1983 que decidiu contribuir na divulgação
dessa marca que incomoda os colorados e leva ao êxtase os gremistas.

Vale a pensa conferir o ‘bebendo bem’, que une coisas que a gente tem em comum, como cerveja e futebol.

Nesta ordem.

Clara e Totó

Antes que alguém imagine que eu surtei com essa história dos Assis Moreira, informo que andei envolvido em outras atividades, menos agradáveis, mas mais rentáveis.

Minha ausência aqui no boteco é, portanto, justificável.

Mas passei o dia ouvindo e lendo. Os colorados, da mídia e fora dela, ficaram eufóricos com o final da novela.

Alguns gremistas também festejaram.

Eu torci pela contratação de RG até que me caiu na ficha, conforme escrevi na postagem de
sábado, pela manhã, quando acordei com um cutuco.

Naquele momento havia percebido que o enredo da novela não fechava, como um filme nacional de segunda categoria.

Ronaldinho dizia (Assis dizia) que queria retomar sua carreira pensando na Copa de 1014. Sinalizava, portanto, que queria trabalhar de novo, deixar a vida de festas e pagodes.

Por outro lado, só queria saber de festas. Não treinou um dia sequer. Nem um corridinha na beira da praia de Jurerê. Cheguei a escrever que ele só assinaria um contrato depois do fim de semana, após o show da Amy.

O discurso não combinava com a prática.

Foi aí que me toquei que ele iria para o Flamengo.

No Grêmio e no Palmeiras, com Felipão, ele teria de trabalhar.

O trabalho enobrece, mas cansa. Deve ser o pensamento de RG, acrescentando que já está milionário, embora sua fortuna seja administrada pelo irmão (iiiiiihhhhh) ardiloso.

É esse o Ronaldinho que o Flamengo está contratando.

E esse Ronaldinho só daria problemas para o Grêmio. Imaginem um contrato de três anos com um sujeito como esse.

O Ronaldinho que preferiu o Flamengo é o Ronaldinho da prática, não do discurso.

O verdadeiro Ronaldinho, esse que não joga há quatro anos. E esse, realmente,
não acrescentaria nada ao Grêmio.

SAIDEIRA

Depois que larguei o jornal, fiquei com as noites livres. Faço cerveja e outras coisas. Mas vira e mexe dou de cara com uma novela.

Passione, por exemplo.

Ali tem uma vilã, a belíssima Mariana Ximenes (velha paixão do Luís Henrique Benfica, que babava na redação do CP toda vez que ela aparecia).

Pois a personagem da Mariana, Clara, me lembra o Assis.

A mulher passou a novela aprontando, fazendo o diabo.

Trambiqueira pra mais de metro. Mas sempre se dando bem.

Sacaneou todo mundo. Mas sempre apareceu alguém para acreditar nela, como
o italiano Totó.

Hoje, ao ver a Clara sendo presa e o Totó aparecer depois de morto (novela é isso), não pude
deixar de comparar a Clara com Assis, e o Totó ao Grêmio.

Assis sempre aprontou com o Grêmio, desde guri.

Mas, como a Clara, deu um jeito de voltar. Clara, ao que tudo indica, vai se dar mal mesmo.

Já o Assis só se dá bem. Ao menos por enquanto.

Novela, sabe como é, são longas e sempre reservam surpresas.

O boneco e o ventriloco

Ronaldinho Gaúcho fala ainda. Foi o que de mais importante vi na coletiva no Rio.

Só não sei se ele é apenas um boneco no colo do ventriloco.
Por um momento o boneco traiu o ensaiado. Assis disse que estava agora liberado para negociar com outros clubes.
Minutos depois, o boneco disse o que todos já sabiam: que Assis já havia conversado com alguns dirigentes.
No mais, ficou claro que há um leilão em andamento.
O Grêmio está mais adiantado, porque os advogados das partes já definiram o contrato.
As bases financeiras estavam acertadas antes do Natal.
A impressão que tenho é que eles iriam anunciar o Grêmio como destino. Mas o Flamengo implorou para ser ouvido novamente. Quer cobrir tudo o que o Grêmio oferece e mais um pouco.
O Flamengo exerce fascínio na maioria dos jogadores, em especial naqueles que não gostam muito de trabalhar.
É uma baita vitrine.
RG deixou claro que mira a Copa de 2014.
O Fla seria o melhor caminho para chegar lá.
Na verdade, RG só volta à seleção se trabalhar e muito. Por esse raciocínio, o melhor
caminho para ser chamado por Mano Menezes é o que leva ao Olímpico.
Ainda aposto no Grêmio, mas não mais do que um cafezinho.
SAIDEIRA
O juiz que apitou Grêmio e Marilia (6 a 0), na Copa SP, hoje, cometeu um dos maiores erros de arbitragem que já vi. talvez o maior.
O jogador do Grêmio marcou gol de pênalti, a bola cruzou a rede furada.
O juiz, um tal de Cristian, viu bola fora.
Um absurdo. Ridículo.

RG e a fábula do escorpião

Acordei com um cutuco.

Ronaldinho não vem mais.
Há uns 15 dias dei como certa a contratação do RG. Afirmei que ele seria anunciado no Natal.
Não foi. Estava tudo ajustado, mas faltavam detalhes no contrato. Foi aí que o Flamengo entrou com tudo, dizem que até com a rede Globo por trás.
O roteiro dessa novela não fecha, há muitos furos.
O primeiro: para RG voltar ao Grêmio é preciso antes de tudo que ele esteja realmente determinado a voltar a ser jogador de futebol, colocando em segundo plano a vida de pagodeiro.
Eu acreditava nessa disposição do RG.
Mas aí me toquei que o seu comportamento continua sendo de ex-atleta. Vive na noite. Para o enredo fechar, ele teria de estar treinando, mesmo que minimamente.
RG não demonstra em seus atos que quer voltar a ser o grande RG. Parece disposto a continuar sendo uma caricatura do jogador que já foi o melhor do mundo.
Eu sei que está tudo certo entre GRêmio e Assis, o mano empresário, procurador.
Mas faltam as assinaturas.
Para reforçar minha desconfiança e meu temor (sim, eu sou a favor da volta de um RG determinado a jogar futebol), tem a frase no site do jogador:
“Pela minha vontade já estaria com a camisa do Grêmio”.
Um otimista diria que a frase é um indicativo da vontade de RG. Se bem que a ‘vontade’ de RG é ditada por seu irmão e guru.
Eu leio a frase com olhos de que já foi mordido por cobra.
RG pode estar preparando o espírito dos gremistas.
Se ele não voltar, foi contra a sua vontade.
Uma tentativa de atenuar a revolta que irá acontecer se tudo der errado e RG fechar com o Flamengo.
A próxima frase no site, então, seria algo assim:
“Vcs sabiam que eu queria voltar, mas infelizmente não foi possível”.
Está bem, podem me chamar de pessimista.
Mas eu não consigo esquecer a fábula do escorpião, que nunca foge à sua natureza.
E o Assis é um escorpião, dos grandes e dos mais venenosos.
SAIDEIRA
Ah, a frase do RG é completada com o seguinte:
… viria para o Grêmio até ganhando menos.
É de estremecer, ter calafrios.
Assis nunca aceita ganhar menos. Ele quer sempre mais. E já comprovou
isso. O muito é pouco pra ele.
Espero estar enganado.
E à tarde ver o Grêmio anunciando a volta de RG.

Os colorados e o RG

É impressionante o que tem de colorado preocupado com as finanças do Grêmio a partir da contratação de Ronaldinho Gaúcho.

Ontem fui abordado por um colorado daqueles que até os olhos são vermelhos. Um colorado veterano de guerra, daqueles que sofreram na década de 60, tiveram orgasmos múltiplos nos anos 70, sofreram forte abalo em 1981 e em 1983, padeceram no inferno na década de 90 e hoje se recuperam do golpe desfechado pelo Mazembe.

– Bah, mas é um risco grande demais trazer um jogador pra ganhar um milhão e meio de reais por mês. E como é que vão ficar os outros jogadores? Olha, vai ser ruim pro Grêmio isso, hein?

Imagino que os frequentadores deste boteco já tenham deparado com esse tipo de figura: na verdade, um colorado angustiado, temeroso, assustado com o salto que o Grêmio poderá dar com Ronaldinho Gaúcho.

É claro que esse salto vai depender do jogador. Se RG decidir voltar a jogar futebol e largar a vida de boemia, de pagode, o Grêmio está fazendo um grande negócio. Caso contrário, o resultado poderá ser catastrófico.

E aí nós encontraremos colorados nas ruas, nos microfones e nos jornais exclamando felizes, sorriso de orelha e orelha:

– Eu não disse?

Tem muita gente torcendo para que RG continue pagodeiro.

Mas eu estou convencido que RG vem pra fazer aquilo que ele sempre fez de melhor: jogar bola.

Não fosse assim, ele iria para outros pagos.

O gato da vizinha

O galo não havia cantado quando ouvi a campainha de casa. Olhei o relógio: 6h30. Deve ser engano. Quem seria numa hora dessa, com o sol recém aparecendo?

Quinze minutos depois, toca a campainha de novo. Duas vezes seguidas.

Levantei-me irritado. Espiei pela janela. Era uma senhora junto ao portão da rua. Não tinha jeito de pedinte. Quem poderia ser?Curioso, fui atender.

Abri a porta. Cara de colorado depois do segundo gol do Mazembe e dos pulinhos do goleiro.

Ela percebeu meu humor de gremista chateado com essa novela Ronaldinho.

“Desculpe, mas é que o meu gato caiu do apartamento ontem e agora está aí no seu pátio…”

Mas não dava pra esperar mais uma hora?, perguntei. “Eu estava dormindo, pô!”

Ela desculpou-se toda chorosa.

Desci e abri o portão. Não conseguiria mais dormir mesmo.

Nos fundos do pátio, tem um puxado onde faço minha cerveja e guardo umas coisas.

Ele foi entrando, dizia:

– Gato, gato. Meu filho, é a mamãe, é a mamãe, meu mimoso.

E nada do gato.

– Vem com a mamãe meu mimosinho, pode vir.

No início, achei engraçado o jeito dela. Mas logo senti o quanto aquele gato significa pra aquela senhora. Fiquei comovido.

Depois, quando ela me disse que era professora do Estado, aposentada, fiquei penalizado.

O gato finalmente apareceu. Saiu detrás da geladeira. Era um baita de um gato preto, com uns fios brancos na cabeça.

Na hora me lembrei do Kabangu.

Minha irritação havia passado. A dona do gato agradeceu. Perguntei qual o time dela. Grêmio. E o nome do gato?

– É Gato, só Gato.

– Posso dar uma sugestão?

– Pode, claro, o sr foi muito tolerante, muito legal.

– Kabangu.

Ela estranhou o nome. Percebi que não é muito chegada ao futebol.

– É que é um nome diferente, tem sonoridade, altivez.

Ela ficou pensativa.

– Olha, diga o nome do gato a um colorado que a sra vai saber por que esse nome

é o mais adequado. Ah, se ele cair de novo, pode voltar. O Kabangu merece

todo nosso carinho, nossa atenção.